Secretaria de Formação

13 de Setembro de 2006 às 00:00

O Grito de Nossa América

A coordenação continental do Grito dos Excluídos e Excluídas, reunida na celebração do 12º Grito dos Excluídos do Brasil, tem refletido sobre os diversos aspectos relativos à problemática de nossos países e as diferentes vias que os povos estão construindo seu processo de resistência e libertação. Nossa América está vivendo um tempo especial, marcado por processos de transformação política, econômica e social, onde se destacam a revolução bolivariana na Venezuela, o processo de construção do poder popular na Bolívia e o exemplo histórico de resistência e dignidade da revolução cubana. Trata-se de processos e não de sociedades perfeitas. Esses exemplos nos dão certeza de lutas que avançam no caminho da libertação dos povos diante das potências imperialistas, que os submetem as suas vontades há muitos séculos. São um chamado para que em outros países também levantemos, através de nossas lutas, a utopia por uma transformação profunda da realidade social. No entanto, não podemos esquecer que o inimigo, representado pelo grande capital estrangeiro e nacional, também está se reagrupando, reconstituindo seu poder onde se viu duramente golpeado por ações dos povos contra o neoliberalismo. Há exemplos recentes de países em que a esperança de transformação política foi golpeada, mas não vencida, como são os casos do Peru e do México. Este último ainda em resistência civil contra a fraude e a democracia simulada. Na Colômbia, a direita se fortalece com a reeleição de Álvaro Uribe e sua política belicista; em todos os países da América Central, governos de direita reafirmam o aprofundamento de políticas neoliberais. No Brasil, Argentina e Uruguai, governos aparentemente progressistas deram continuidade às políticas do Consenso de Washington. No Paraguai, assistimos a uma crescente presença militar estadunidense, o que representa um risco para toda a América do Sul. No Caribe, Cuba está mais ameaçada do que nunca. O Haiti está ocupado por uma força militar latino-americana a serviço dos Estados Unidos. Na República Dominicana, foi imposto um Tratado de Livre Comércio. Porto Rico, Martinica e outras ilhas seguem sob um regime colonial aberto... o panorama atual nos apresenta grandes desafios e não podemos cruzar os braços acreditando que já está tudo feito. Assistimos, em toda a região, a um processo de recolonização através do saque de recursos naturais, de uma maior exploração dos trabalhadores e trabalhadoras, do mecanismo perverso da dívida e de uma irrestrita “liberdade” para as transnacionais, “sacramentada” por tratados de “livre” comércio cujas regras se sobrepõem à soberania dos nossos países. Quando falamos de imperialismo e recolonização, não estamos somente nos referindo aos Estados Unidos. Também devemos assinalar o papel que jogam em tudo isso a Europa e as oligarquias nacionais. Diante dessa realidade de opressão e exclusão, a esperança ressurge mais forte do que nunca. A esperança está na articulação e consolidação dos movimentos sociais, que encarnam as forças transformadoras para uma humanidade livre. Não nos conformemos com pequenos avanços, busquemos a transformação profunda de nossas sociedades. O povo deve definir seu futuro, através de sua luta constante. Os caminhos da saída vamos encontrar a partir dos mais golpeados dos golpeados, dos mais excluídos dos excluídos, do fundo dos nossos povos, sem necessitar que as elites intelectuais divorciadas das lutas sociais no Norte ou no Sul venham nos dizer o que fazer. Muito menos politiqueiros e oportunistas solucionarão os problemas nem deterão a roda da transformação. Daqui do Grito, pensamos que essa luta deve se estender cada dia mais por todos os países da Nossa América. A articulação, a organização e a formulação de projetos e alternativas populares devem seguir orientando nossos passos. Acreditamos que a melhor forma de participar nos processos revolucionários que atualmente se desenvolvem em nosso continente é aprofundando a luta em nossos países respectivos. Finalmente, fazemos um chamado geral à solidariedade com todas e todos os militantes políticos e sociais da América Latina e Caribe, que por causa de seus ideais e lutas sofrem perseguição e repressão pelos governos, exércitos, política ou forças paramilitares. Continuamos em frente! Nossos sonhos se constroem a cada dia e são necessários e imprescindíveis para manter viva a chama que poderá um dia se transformar em uma grande fogueira. Aparecida, São Paulo, Brasil, setembro de 2006



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