Covid-19: baixa adesão ao ciclo vacinal aumenta riscos de nova onda
Mulher de 72 anos, portadora de comorbidades, é o primeiro caso fatal da BQ.1, ocorrido em 17 de outubro. Especialistas alertam que a baixa adesão ao ciclo vacinal aumenta os riscos de uma nova onda. Exames positivos têm alta exponencial
A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo confirmou ontem a primeira morte em decorrência de contaminação pela nova subvariante da ômicron, a BQ.1, no estado. É a primeira causada pela subvariante no Brasil.
Segundo a pasta, trata-se de uma mulher de 72 anos, que faleceu em 17 de outubro. O governo do estado informou que a vítima tinha comorbidades e morreu sete dias depois de internada.
O segundo paciente confirmado com a subvariante no estado, um idoso de 61 anos, passa bem e está em casa, em isolamento. Os casos estão sob investigação epidemiológica das vigilâncias municipal e estadual.
Na última segunda-feira, São Paulo confirmou os primeiros dois casos de covid-19 causados pela nova subvariante. Ainda não havia informação sobre a morte da paciente.
O secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou que o governo tem feito o sequenciamento genético de outros casos para verificar se a nova variante infectou mais vítimas. Ele ressaltou a importância de todos completarem o esquema vacinal, especialmente neste momento de introdução de nova variante no país e alta de casos.
"Tivemos muitos pacientes que deixaram de tomar a quarta dose e, dessa forma, não estão idealmente protegidos, principalmente em relação às novas variantes. Atualizar a sua condição vacinal é a melhor forma de proteção", alertou Gorinchteyn, que é médico infectologista.
O primeiro caso identificado no Brasil foi de uma paciente de Manaus. Também já há registros no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro.
Aumento de casos
A primeira morte causada pela variante ômicron do novo coronavírus ocorreu em janeiro de 2022, em Aparecida de Goiânia (GO). A vítima era um homem de 68 anos, hipertenso e portador de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), que estava internado em um hospital local.
Em declaração publicada no fim de outubro, o grupo consultivo da OMS (Organização Mundial da Saúde) sobre a evolução do vírus Sars-CoV-2 reuniu informações sobre duas novas subvariantes da ômicron: XBB e BQ.1.
Esta nova subvariante está associada a um recente aumento de casos de covid-19 nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, uma nova onda tem preocupado especialistas, que reforçam o fato de que a testagem positiva para a doença tem aumentado em laboratórios em todo território nacional nas últimas semanas.
Um levantamento do Instituto Todos pela Saúde mostra que a taxa de exames positivos em laboratórios particulares passou de 3% para 17% em menos de um mês, o que significa um aumento de 466%.
Essa alta de casos foi registrada principalmente no Sudeste e no Centro-Oeste do país, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso. Segundo dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), das 14.970 testagens realizadas de 17 a 23 de outubro, 2.320 (15,5%) apresentaram diagnóstico positivo para a covid. Na semana anterior, a taxa havia sido de 9,36%.
Segundo o Instituto Butantan, a ômicron possui mais de 30 mutações na proteína Spike, que tem o papel de levar o vírus do SARS-CoV-2 para dentro do organismo humano. Algumas dessas mutações estão associadas ao potencial de escape imune-humoral e maior transmissibilidade. Além disso, ela infecta mais rapidamente os tecidos do trato respiratório superior em vez dos pulmões, o que também contribui para que se dissemine com mais facilidade.
Segundo dados coletados pela SP Covid-19 Info Tracker, a taxa de contágio atualmente se encontra em 1,15 Rt no Brasil, sendo que, conforme a pesquisa, a região Sul se encontra com a maior taxa de transmissão frente a outras regiões, com 1,2 Rt. Antes da ômicron, o maior Rt registrado pelo Info Tracker havia sido o de 1,29, em 21 de janeiro de 2021; ele mostrou queda e, depois, uma crescente repentina.