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16 de Julho de 2024 às 08:57

Vitória da esquerda no Reino Unido e na França servem de exemplo ao povo brasileiro

Foto: Após decreto de Macron para reforma da previdência uma multidão toma a Place de la Concorde, em Paris. A resposta dos trabalhadores veio também nas urnas com a vitória da esquerda

Cansados dos ataques do neoliberalismo da extrema-direita e da direita, britânicos e franceses dão vitória histórica aos trabalhistas no Reino Unido e aos socialistas na França

Após 14 anos no poder, a extrema-direita britânica, com políticas ultraliberais de ataque aos direitos trabalhistas e ao estado de bem-estar social, somadas a saída do país da União Europeia, resultaram numa tragédia econômica sem precedentes no Reino Unido: desemprego, fuga de jovens ingleses para outros países da Europa em busca de oportunidades e até mendigos nas ruas de Londres, realidades que ninguém imaginaria há décadas atrás.

A situação chegou a tal ponto que revistas e tabloides de direita fizeram editoriais dizendo que a esquerda trabalhista, vencedora das eleições, "merece de fato uma nova oportunidade".

Os Trabalhistas garantiram a maioria parlamentar, com 410 dos 650 assentos do Parlamento e deverão indicar o próximo primeiro-ministro, o líder Keir Starmer.

O partido do premiê Rishi Sunak, de extrema-direita foi esmagado nas urnas e elegeu cerca de 120 deputados.

Vive La France

Na França, a situação não foi muito diferente. Inconformados com os ataques do governo neoliberal de centro-direita de Emmanuel Macron aos trabalhadores, a população elegeu a Nova Frente Popular (esquerda) no parlamento, com 182 assentos, derrotando a coalizão governista (Juntos), que teve 168 assentos.

Macron não reconhece a derrota e diz que "ninguém venceu as eleições ", já que nenhum partido sozinho conseguiu maioria suficiente para governar.

Cotados para vencer as eleições pelas pesquisas de opinião, o maior derrotado foi a extrema-direita de Reunião Nacional, de Marine Le Pen e Jordan Bardella, que ficaram com apenas 143 assentos.

A lição para o Brasil

A vitória da esquerda francesa é fruto da mobilização popular dos trabalhadores que tomaram as ruas de Paris contra os ataques do governo Macron aos direitos trabalhistas, como a reforma da Previdência, que elevou a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos. A mudança impopular foi aprovada por meio de uma controversa manobra legislativa.

A reforma previdenciária na França prevê que a idade mínima de aposentadoria suba três meses por ano, alcançando 64 anos em 2030 e faz lembrar a alteração feita pelo então ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, no governo Jair Bolsonaro (PL), sendo que por aqui, o ataque foi muito pior e contra os pobres. Guedes e Bolsonaro impuseram a idade mínima de 65 anos num país em que a expectativa de vida é menor do que na França. No Brasil a expectativa de vida é de 76,2 anos sendo que na França é de 82 anos, ou seja, pelo menos seis anos a mais no país europeu.

Não à reforma da Previdência

A reforma previdenciária brasileira foi aprovada em 2019 e 70% do dinheiro economizado pelo governo foi em cima dos mais pobres, que ganham até dois salários mínimos, já que as mudanças só atingiram os trabalhadores que se aposentam pelo INSS, ficando de fora as gordas aposentadorias do alto escalão das Forças Armadas e poderes Judiciário, Legislativo e Executivo.

Passados apenas quatro anos da reforma brasileira, o mercado, leia-se grandes empresários e banqueiros e a mídia pressionam o atual governo a fazer uma nova reforma da Previdência, elevando ainda mais a idade mínima. "Especialistas" do mercado falam em uma idade mínima de 68 anos para homens e mulheres.

O presidente Lula já avisou que não fará cortes nas contas públicas em cima "de empregadas domésticas e trabalhadores de baixa renda", e falou em cortar gordas isenções dos setores empresariais, como a da indústria.

"O Problema é que a classes dominantes querem o estado mínimo apenas para os trabalhadores, especialmente os mais pobres, mas quando o governo fala em taxar grandes fortunas, acabar com a desoneração e cortar isenções das empresas, o grande empresariado e seus parlamentares financiados no Congresso Nacional se levantam agressivamente", disse o diretor do Sindicato e secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Almir Aguiar.

"As eleições na França e Reino Unido, vencido pelas esquerdas deixam uma grande lição ao povo brasileiro. As experiências de governos de direita e extrema-direita mostram tanto lá como aqui que, votar neles é perda de direitos para os trabalhadores na certa. Por isso é muito importante nas eleições, a começar a nível municipal este ano, votarmos em candidatos comprometidos com a classe trabalhadora. A segunda lição é que é unido e mobilizado nas ruas e em campanhas nas redes sociais que a gente consegue eleger governos e parlamentares que defendam os interesses dos trabalhadores e trabalhadoras, como ocorreu na França, em que milhares de trabalhadores tonaram as ruas de Paris contra a reforma da Previdência", avalia Almir.

Fonte: Seeb Rio de Janeiro



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