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1 de Janeiro de 2001 às 22:59

Unibanco demite sindicalista grávida no paraguai

(São Paulo) A bancária Marisol Rojas trabalha há 9 anos e 5 meses para o Interbanco, uma empresa do Grupo Unibanco que atua no Paraguai. Há três mandatos como dirigente sindical, Marisol está prestes a garantir estabilidade no emprego. É que segundo a legislação trabalhista do Paraguai, todo trabalhador tem estabilidade após dez anos de serviço e não pode ser demitido se não for por justa causa. O Unibanco, para impedir que a sindicalista adquirisse a garantia de emprego, demitiu Marisol sete meses antes da estabilidade. A Federação dos Trabalhadores Bancários e Afins do Paraguai (Fetraban) e o Comitê Executivo do Sindicato dos Empregados do Interbanco, do qual Marisol é diretora, protestaram e foram até o Ministério do Trabalho paraguaio. Segundo os sindicalistas, a demissão foi irregular, porque Marisol teria estabilidade especial como dirigente sindical de até seis meses após o término do mandato, conforme a lei do país. “Fizemos a denúncia e os fiscais do Ministério do Trabalho constataram a irregularidade da demissão”, afirma Didar Pakravan, diretora do Sindicato paraguaio. Após as pressões dos sindicatos paraguaios, a atuação do Ministério do Trabalho e a intervenção da Contraf-CUT na direção do Unibanco no Brasil, o Interbanco readmitiu Marisol. Mas se você pensa que o caso termina aí, enganou-se. O Unibanco conseguiu que a situação piorasse ainda mais. “Marisol foi reintegrada, mas não pagaram seu salário de setembro, não a colocaram em seu cargo anterior e não lhe passaram nenhum tipo de trabalho”, explicou Didar. Para apimentar esta novela, Marisol descobriu há alguns dias que está grávida, hoje de oito semanas. Sua gravidez foi comunicada ao banco, mas o Departamento Pessoal avisou que tinha ordens de “não tomar conhecimento” e “rechaçar” o atestado médico que anunciava seu estado. “O banco inclusive rasurou o atestado. É incrível a insensibilidade do Unibanco, pois ela está há poucos meses de adquirir estabilidade, é dirigente sindical e está grávida de dois meses. Mesmo assim, o banco insiste com a demissão, rasgando todas as leis e acordos de trabalho, inclusive os tratados de direitos humanos”, ressalta Ricardo Jacques, secretário de Relações Internacional da Contraf-CUT. Ricardo conversou com a direção do Unibanco no Brasil, que justificou a demissão como “legal”. Desumanidade e risco na gravidez Os problemas que o Unibanco causou em sua vida neste momento tão delicado já refletiram na saúde de Marisol. Sábado, dia 14, ela teve um sangramento e precisou de cuidados médicos. Contatou seu plano de saúde, que comunicou sua descredenciamento devido à demissão. “Foi um novo e duro golpe emocional para ela. A Fetraban quer deixar claro que se ela perder o bebê acusaremos formalmente o Unibanco para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, tanto a filial do Paraguai como a matriz do Brasil. Acusaremos a empresa de assassinato de uma criança por maus tratos com a mãe na etapa da gestação”, afirmou a diretora do Sindicato paraguaio, Dora de Albertini. Fonte: Contraf-CUT



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