Trabalhador vai à Justiça e vence ação após anos
São Paulo – Demorou, mas a justiça foi feita para o trabalhador José Campos (nome fictício). Depois de trabalhar cinco anos e oito meses para a empresa Sell Time, terceirizada do Unibanco, ele tinha esperança de ser contratado pelo banco. Mas o que aconteceu foi o contrário, José foi demitido em 2002 junto com seus colegas de departamento. As atividades exercidas pelo trabalhador no Regime Administrativo Especial Temporário (Raet) eram de grande responsabilidade. Ele fazia transferências de altos valores via sistema e respondia diretamente ao Banco Central. O trabalho era de bancário, mas ele não era contratado como tal. Após sair da instituição financeira, o trabalhador acionou a Justiça e em 2003 sua reclamação trabalhista foi aceita. O objetivo era lutar pelo reconhecimento do vínculo com o Unibanco, as verbas decorrentes da condição de bancário (diferenças do teto salarial da Convenção Coletiva de Trabalho, auxílio-refeição, auxílio-cesta alimentação, PLR), as horas extras excedentes e a equiparação pretendida por ele. O banco recorreu diversas vezes e levou o processo para a 4ª instância, mas José saiu vencedor graças às provas que sempre guardou. “Eu imprimia a tela das transações que fazia com meu nome e meu CPF para comprovar um dia que o que eu fazia era trabalho de bancário. Tudo o que assinava eu fazia cópias. O banco alegou diante do juiz que eu apenas atendia telefone, mas não teve como negar quando apresentei as provas”, explicou José. “A dica mais importante que dou para quem trabalha em situações parecidas, em empresas prestadoras de serviços, é documentar tudo”, completou. A indenização de José foi de R$ 135 mil. “O banco teve lucros exorbitantes no período em que trabalhei lá. Agora consegui o enquadramento e vou receber o que merecia nesses anos todos, com o apoio do Sindicato”, disse. José está com 42 anos, é casado, tem dois filhos, deixou o ramo bancário e trabalha em uma empresa há mais de quatro anos. Nos quase seis anos em que ficou na Sell Time prestando serviços para o Unibanco, apenas dois funcionários da terceirizada foram contratados pelo banco. A Sell Time fechou as portas por falência. Fonte: SEEB/SP