Tecnologia e novas formas de trabalho dominam debates do segundo dia do 9º EEBAN/MS
O segundo dia do 9º Encontro Estadual dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Mato Grosso do Sul (EEBAN/MS), realizado em 26 de julho na sede do SEEB Campo Grande-MS e Região, mergulhou nos desafios atuais que impactam o emprego bancário
A primeira palestra foi com a economista do Dieese, Vivian Machado, sobre os avanços tecnológicos, inteligência artificial e impacto no trabalho bancário, destacando a reestruturação do modelo de negócios impulsionada por transformações digitais e novas regulamentações.
Vivian apresentou dados da pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025, ilustrando a ascensão do Pix e canais digitais no comportamento do consumidor, além do investimento crescente em IA pelos bancos. Os investimentos em tecnologia devem atingir R$ 47,8 bilhões em 2025, um crescimento de 13% em relação a 2024.
A Inteligência Artificial (IA) e a Inteligência Artificial Generativa (GenAI) estão sendo amplamente incorporadas nas operações dos bancos; mais de oito em cada dez bancos já utilizam GenAI.
Contudo, o material também revela uma redução significativa de postos de trabalho bancários desde 2013, cerca de 91 mil empregos, com maior impacto sobre as mulheres, e o fechamento de agências tradicionais - desde 2016, 6.700 agências bancárias foram fechadas (-30%) no Brasil. Em contrapartida, Vivian mostrou que há um crescimento notável das cooperativas de crédito e fintechs, indicando uma expansão do ramo financeiro em novos segmentos, muitas vezes com condições de trabalho menos protegidas.
“Nossa luta é proteger os postos de trabalho existentes e, ao mesmo tempo, alcançar os trabalhadores que estão crescendo em outros segmentos do ramo financeiro. Esses profissionais não têm as mesmas proteções trabalhistas que os bancários. Sabemos que não será possível replicar todas as condições dos bancários para eles, mas ao centralizarmos a representação desses segmentos, talvez poderemos melhorar significativamente suas condições de trabalho”, disse Vivian.
Novas Formas de Trabalho: Terceirização e Pejotização
O tema das "Novas formas de trabalho: terceirização e pejotização no setor bancário" foi abordado na segunda palestra do dia pelo superintendente regional do Trabalho e Emprego em MS, Alexandre Moraes Cantero.
Alexandre traçou a evolução histórica do setor bancário brasileiro, desde suas origens no século XIX até os dias atuais. Ele destacou as transformações impulsionadas pela urbanização, o desenvolvimento do comércio e a revolução tecnológica, que levaram à automação e reestruturação dos bancos. A palestra abordou ainda a luta dos bancários por direitos trabalhistas, incluindo a criação de sindicatos e a regulamentação da jornada de trabalho.
Por fim, o superintendente criticou a terceirização e a "pejotização", enfatizando como essas práticas ameaçam o contrato de trabalho formal e trazem impactos negativos para a previdência social, o FGTS e outras políticas públicas.
“É crucial que todos estejam atentos à pejotização, porque essa questão transcende o setor bancário. Ela impacta todo o sistema de proteção trabalhista e a classe trabalhadora como um todo. Se o Supremo Tribunal Federal firmar a tese de que a pejotização é possível em relações que são, sabidamente, de emprego, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) corre o risco de se tornar uma lei inútil. Esse julgamento do Supremo pode, efetivamente, acabar com a própria condição de empregado”, disse Cantero.
O superintendente completou dizendo da necessidade da luta dos bancários e de toda a classe trabalhadora, e porque afeta os princípios fundamentais da Constituição.
“Essa luta agora não é apenas dos bancários. Houve uma grande mobilização pela diminuição da jornada, a escala 6x1, mas que tipo de escala existirá com a pejotização? Nenhuma! Não há discussão mais importante no mundo do trabalho do que a defesa do contrato de trabalho e da competência da Justiça do Trabalho. Isso é fundamental para que a dignidade da pessoa humana e o valor social do trabalho – pilares da nossa Constituição da República – continuem a existir e sejam representados pelos seus respectivos sindicatos. Afinal, não há democracia onde não há justiça social”, finalizou.
9º EEBAN/MS
O 9º EEBAN/MS teve início na sexta-feira, dia 25 de julho, com a abertura oficial, e seguiu durante toda a manhã de sábado, dia 26, com discussões sobre a conjuntura política e econômica, a comunicação popular, os avanços tecnológicos, a inteligência artificial e o impacto no trabalho bancário, além da terceirização e pejotização no setor.
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O evento foi organizado pelos sindicatos dos bancários de Campo Grande, Dourados e Ponta Porã e contou com a delegação de trabalhadores da base das três entidades sindicais.
Fonte: SEEBCG-MS - Por: Comunicação do SEEBCG-MS
Fotos: Reginaldo de Oliveira/Martins e Santos Comunicação