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5 de Julho de 2022 às 10:45

Sindicato realiza manifestação contra assédio moral e sexual na Caixa

Em Dia Nacional de Luta contra assédio moral e sexual o sindicato realizou ato na principal agência da Caixa Econômica em Dourados

Na manhã desta terça-feira (05) a diretoria do Sindicato dos Bancários de Dourados e Região realizou uma manifestação em frente a Agência Centro da Caixa Econômica Federal. A atividade faz parte do Dia Nacional de Luta contra o assédio moral e sexual que a categoria bancária realiza hoje em todo o país, com o objetivo de intensificar as denúncias e a exigência das devidas apurações junto à base da categoria e à sociedade.

O protesto teve faixa cobrando um basta nos crimes de assédio e também a distribuição de cartilha aos funcionários para auxiliar no combate ao assédio sexual no ambiente de trabalho. A publicação apresenta conceitos e situações que caracterizam a prática criminosa, além de orientar vítimas a buscar ajuda e denunciar.

Protesto também nas redes sociais

O protesto do Dia Nacional de Luta se estende também pelas redes sociais. O sindicato orienta bancários e bancárias a se manifestarem pelo Facebook, Instagram e também pelo Twitter, onde hoje das 10:30 às 11:30hs será realizado um tuitaço com hashtag #BastadeAssédio.

As graves denúncias de assédio cometido pelo ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães, contra empregadas do banco aumentaram a mobilização da categoria contra a prática assediadora das empresas que possuem metas desumanas e pressão severa por desempenho e competitividade.

Segundo o presidente do Sindicato, Carlos Longo, “O foco do ato desta terça-feira foi o respeito às mulheres, a equidade de condições no trabalho e a exigência de respeito e acolhimento às empregadas denunciadas nos casos ocorridos na Caixa.”

“O assédio é crime e tem de ser combatido. Portanto não basta demitir, exigimos investigação com imparcialidade e punição a todos os envolvidos, porque qualquer tipo de assédio é crime, no caso de Pedro Guimarães, conforme relatos, ele praticava tanto o moral como o sexual dentro e fora do banco.” Destacou Longo.

Clique aqui e veja a galeria de fotos da manifestação em Dourados

Os casos de assédio teriam ocorrido em situações em que funcionárias viajavam com o ex-presidente da Caixa, por determinação dele. As depoentes dizem que chamar mulheres que despertavam interesse no presidente da Caixa para ir a vários lugares do Brasil, supostamente a trabalho, era uma conduta cotidiana na agenda do bolsonarista.

Os depoimentos são alarmantes. As cinco vítimas relatam toques em partes íntimas sem consentimento, falas e abordagens inconvenientes e convites incomuns e desrespeitosos, incompatíveis com a relação entre o presidente do maior banco público do país e suas empregadas.

A maior parte dos testemunhos está ligada a atividades do programa Caixa Mais Brasil, realizadas em vários locais de todas as regiões do país. O programa acumula, desde 2019, mais de 140 viagens, a maioria aos finais de semana, em que estavam Pedro Guimarães e equipe. Nesses eventos profissionais, todos ficam hospedados no mesmo hotel, ocasião em que ocorria o assédio.

Veja os depoimentos das funcionárias

Os casos de assédio teriam ocorrido em situações em que funcionárias viajavam com Pedro Guimarães por determinação dele. As depoentes dizem que chamar mulheres que despertavam interesse no presidente da Caixa para ir a vários lugares do Brasil, supostamente a trabalho, era uma conduta cotidiana na agenda do bolsonarista.

A reportagem do Metrópoles diz que conseguiu contato e entrevista com cinco das mulheres que acusam Guimarães e os depoimentos delas são fortes e contundentes. Embora elas tenham sido nomeadas na matéria original, presumivelmente com identificações fictícias, a Fórum optou por não caracterizá-las de forma alguma. Veja trechos das acusações:

“É comum ele pegar na cintura, pegar no pescoço. Já aconteceu comigo e com várias colegas. Ele trata as mulheres que estão perto como se fossem dele. Ele já tentou várias vezes avançar o sinal comigo. É uma pessoa que não sabe escutar não. Quando escuta, vira a cara e passa a ignorar. Quando me encontrava, nem me cumprimentava mais”, contou uma das depoentes sobre a conduta geral do presidente da Caixa.

“Tem um padrão. Mulher bonita é sempre escolhida para viajar. Ele convida para as viagens as mulheres que acha interessantes”, falou outra funcionária sobre as “preferências” inconvenientes do economista.

“Ele me chamou para ir para sauna com ele. Perguntou: ‘Você gosta de sauna?’. Eu disse: ‘Presidente, eu não gosto’. Se eu tivesse respondido que gosto, ele daria prosseguimento à conversa. De que forma eu falo não? Então, eu tenho que falar que não gosto. É humilhante. Ele constrange. Ele praticamente nunca tinha me visto antes. Eu falei que não ia”, disse uma bancária que o acusa de ter dado um beliscão em seu corpo e de tê-la chamado para nadar, sem sequer conhecê-la.

“Ele parecia um boto, se exibindo. Era uma espécie de dança do acasalamento”, revelou outra servidora da Caixa, dizendo que escutou de um de seus auxiliares a seguinte pergunta: “E se o presidente quiser transar com você?”

“Ele pede carregador de celular, sal de fruta, remédios”, falou uma das mulheres que acusam Guimarães sobre o hábito dele de aparecer no quarto delas, nos hotéis, durante viagens.

“Ele falou assim: ‘Vai lá, toma um banho e vem aqui depois para a gente conversar sobre sua carreira’. Não entendi. Na porta do quarto dele. Ele do lado de dentro e eu um metro para fora. Falei assim: ‘Depois a gente conversa, presidente’. Achei aquilo um absurdo. Não ia entrar no quarto dele. Fui para meu quarto e entrei em pânico”, narrou uma funcionária sobre o suposto assédio aberto.

“Ele abriu a porta com um short, parecia que estava sem cueca. Não estava decente. A sensação que tinha era que estava sem cueca. Muito ruim a sensação”, contou uma das denunciantes sobre uma das investidas que sofreu num hotel.

“Tenho pânico de ter que trabalhar com ele. Tenho medo da pessoa. Agora eu tento literalmente me esconder nas agendas. Agora, quando viajo, coloco cadeira na porta do quarto. Fico com medo de alguém bater”, disse uma funcionária que afirma também ter sido assediada.

Pedro Guimarães também teria assediado mulher no Santander

Guimarães trabalhou em muitas instituições bancárias desde que ingressou no mercado e em 2004 ele foi demitido do Santander, o titã espanhol das finanças. As versões sobre o real motivo do desligamento divergem, mas um episódio também de assédio sexual teria ocorrido pouco tempo antes de Guimarães ser mandado embora e igualmente gerou escândalo à época.

Segundo relatos de funcionários do Santander que atuavam na empresa naquele período, em conversas com a jornalista Malu Gaspar, do diário carioca O Globo, numa festa de fim de ano dos trabalhadores do grupo bancário, Pedro Guimarães teria tentado beijar à força, na presença de várias pessoas, uma colega de trabalho que seria sua subordinada. Versões relatadas por outros meios de comunicação dizem que a mulher inclusive teria ficado com ferimentos por resistir aos abusos, embora não tenham dito de qual natureza.



Sindicato dos Bancários de Dourados e Região - MS

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