Prévia de inflação revela alta: medidas artificiais do governo não surtiram efeito
Bolsonaro reduziu imposto sobre combustíveis, que volta a subir, e não segura inflação e elevação nos preços dos alimentos, que tem a maior alta desde 1994
O preço dos alimentos no acumulado de 12 meses teve a maior alta em 28 anos. Mesmo com medidas eleitoreiras, inflação volta a subir
Especialistas alertaram: as medidas artificiais para tentar frear a alta dos combustíveis, energia e de alimentos, e por consequência, da inflação, feitas pelo governo Bolsonaro, de olho na reeleição, a fim de conter a elevação dos preços não teriam efeito. Não deu outra. O governo zerou impostos sobre combustíveis e energia e reduziu o ICMS dos estados.
O atual governo conseguiu, após seguidas mudanças na direção da Petrobras, diminuir os preços da gasolina e etanol e baixou a inflação. No entanto, Guedes e Bolsonaro, para não contrariar grandes acionistas e especuladores, mantiveram na estatal, a política de Preços por Paridade Internacional (PPI), criada no governo Michel Temer.
Resultado: o preço da gasolina teve duas novas altas seguidas, com aumento de 1,8%. Entre os dias 16 e 22 de outubro, o litro do combustível subiu de R$4,84 para R$4,98. De acordo com analistas, uma das razões para os reajustes foram o aumento feito pela Refinaria de Mataripe, na Bahia, privatizada pelo atual governo, o que derruba definitivamente o argumento de Paulo Guedes de que é preciso privatizar a estatal para reduzir os preços dos combustíveis.
Nova alta
Bolsonaro havia comemorado a redução nos postos e dois meses de deflação. Mas o que economistas alertavam aconteceu. A Petrobras anunciou novos aumentos. Preocupado com a possibilidade de perder a eleição para Lula, o presidente da República pressiona para que novos reajustes só aconteçam após a eleição do próximo domingo, 30 de outubro.
Não adiantou. A prévia de outubro apresenta alta da inflação de 0,16% no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), segundo dados oficiais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O acumulado do ano de 2022 é de 4,80%. A estatal já avisou que os preços dos combustíveis estão defasados com o mercado internacional e novos reajustes virão. Bolsonaro insiste para que o aumento só aconteça na semana que vem, depois do pleito de domingo.
Alimentos ainda mais caros
A inflação dos alimentos é ainda maior e está há sete meses acima do IPCA: tiveram uma alta acumulada de 11,71% contra 7,17% do índice geral. A inflação dos alimentos é a maior dos últimos 28 anos, desde que o Plano Real foi criado no Brasil, em 1994.
Todos os trabalhadores são prejudicados com os preços elevados da alimentação, mas são os pobres que sofrem mais. Confira no final da matéria os 50 produtos que mais subiram de janeiro de 2020 a setembro de 2022.
Juros nas alturas
Especialistas dizem ainda que a prova de que as medidas do governo para conter a alta inflacionária não surtiram o efeito esperado, são os juros.
O Banco Central manteve a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) antes das eleições de domingo (30). A atual taxa é a mais alta desde 2016. A alta dos preços dos alimentos leva o trabalhador a usar o cartão de crédito para comer e com o país praticando os maiores juros do mundo, isso aumenta ainda mais o endividamento das famílias
O Brasil tem a segunda maior taxa de juros do mundo, perdendo apenas para a Argentina.
Confira a lista dos produtos que mais subiram desde 2020