O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro pode tornar-se referência nas negociações salariais. Seria uma forma de elevar o rendimento dos trabalhadores além da reposição da inflação. A tendência foi apontada nesta quinta-feira (22) por José Silvestre de Oliveira, supervisor do escritório regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em São Paulo. "À medida que a inflação abaixa você vai buscar alternativa para melhorar os rendimentos", afirma Oliveira. "Alguns sindicatos vão começar a pensar em trazer o PIB como parâmetro para negociação." Ele deu a declaração durante a divulgação do Balanço das Negociações Salariais de 2006. O estudo aponta que no ano passado os empregados tiveram aumento acima da inflação em 86% das negociações salariais apuradas pelo Dieese. Desse montante, 32,7% resultaram em aumento real entre 1,01% e 2%. Oliveira diz que mesmo com a melhora nos reajustes, a renda do trabalhador ainda é pequena e os sindicatos tendem a buscar novos meios de elevá-la. "O problema é que os salários são baixos. O aumento não acompanha os gastos do trabalhador. O que negociar além do reajuste de inflação?" Segundo o supervisor, aumentou o número de negociações de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e discussões sobre benefícios, como cesta básica. "Está crescendo a negociação do PLR. Você tem também os benefícios indiretos. O que seria interessante seria medir a produtividade dos setores para os empregados partilharem os ganhos, mas o problema é como medir isso", sugere Oliveira.