Pela primeira vez na história brasileira, Dia da Consciência Negra será feriado nacional
Pela primeira vez na história brasileira, o Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, será feriado nacional. A lei que oficializou a data foi promulgada pelo presidente Lula em dezembro de 2023.
Esse é um importante resgate histórico promovido pelo Estado, embora ainda insuficiente frente à justiça necessária para o reconhecimento pleno ao povo negro. Como destaca Darcy Ribeiro no livro O Povo Brasileiro (1995), entre 1.530 e a metade do século XIX, aproximadamente 10 milhões de africanos foram sequestrados e trazidos para o Brasil como escravizados, sendo reduzidos a “mãos e pés dos senhores”. Metade deles morreu durante a travessia. Segundo O Negro no Brasil (2012), grande parte da riqueza nacional, seja na mineração, seja na produção agrícola, foi fruto do trabalho escravo, que permitiu enorme acumulação de riquezas para os donos de terras e recursos ao longo da história do país.
A abolição da escravidão em 1888 não foi um gesto benevolente da Princesa Isabel, como muitas vezes se narra na história oficial. Foi resultado da organização e da resistência dos próprios escravizados, que lutaram heroicamente por sua liberdade. Em todo o território nacional, negros se rebelaram e formaram quilombos, sendo o Quilombo dos Palmares o maior deles. Palmares chegou a reunir cerca de 30 mil pessoas, com governo, forças de segurança, economia própria, organização social e a preservação das culturas africanas. O quilombo foi inicialmente liderado por Ganga Zumba e, posteriormente, por Zumbi, que contou com o apoio de Dandara, sua companheira.
Em 20 de novembro de 1695, Zumbi foi capturado após ser traído. Sua localização foi revelada por outro quilombola, após ser torturado. Zumbi foi decapitado, e sua cabeça foi exposta em Recife como forma de desestimular a resistência. Dandara, capturada antes, em fevereiro de 1694, preferiu a morte à submissão, lançando-se de um penhasco na Serra da Barriga.
Dados mostram que é preciso avançar
Atualmente, a população negra continua enfrentando as maiores desigualdades sociais no Brasil. De acordo com dados do IBGE, os salários dos trabalhadores negros são, em média, 30% menores que os dos trabalhadores brancos; e, embora os negros representem 55% da população brasileira, pouco mais de 45% têm acesso ao ensino superior. Além disso, 70% da população carcerária é formada por negros. Nas favelas, a maioria esmagadora dos moradores é negra, e a juventude negra é a principal vítima da violência policial.
Fonte: Seeb-Brasília-DF