Para analistas, Itaú disfarçou lucros
Analistas do mercado afirmam que o Banco Itaú fez provisões acima do necessário para apresentar um lucro "menos exuberante" no balanço do segundo trimestre. A estratégia, segundo analistas, seria uma maneira de não despertar reação negativa da opinião pública, incomodada com lucros recordes dos bancos. O lucro líquido do Itaú alcançou R$ 1,498 bilhão no segundo trimestre, o que significou uma expansão de 2,6% em relação aos três primeiros meses deste ano e de 12,4% na comparação com o mesmo período de 2005. No semestre, o lucro chegou a R$ 2,958 bilhões, 19,5% maior que o de igual intervalo do ano passado. As provisões chegaram a R$ 5,6 bilhões, sendo R$ 1,6 bilhão excedente ao mínimo requerido - um valor considerado "extremamente conservador" por analistas. "Houve um aumento significativo na inadimplência, refletido na provisão para créditos de liquidação duvidosa", afirma Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating. "Todos os bancos vêm fazendo provisões bem acima do esperado e o Itaú faz provisões acima dos outros bancos." Em um relatório distribuído a clientes, analistas do Unibanco afirmam que "o provisionamento foi um pouco mais bagunçado neste trimestre porque incluiu uma série de itens não recorrentes". "A relação entre despesas com provisões e a margem financeira líquida do Itaú subiu de 30,7% no primeiro trimestre para 34,9% no segundo, acima de nossas expectativas de 32,3%. Esperávamos um aumento, mas a intensidade nos surpreendeu. Gostaríamos de pensar que o pior já passou, como indicam os dados do Banco Central, mas teremos de monitorar esse indicador de perto. A propósito, o Itaú afirmou que reduziu sua taxa de aprovação de empréstimos na Taií, em uma tentativa de reduzir o nível crescente de inadimplência." "Acho que todos os bancos estão aumentando o provisionamento para fazer seus lucros parecerem menores", diz um analista, não descartando também a necessidade do aumento por causa da inadimplência.