Painéis do 8º EEBAN/MS apontam os desafios dos bancários na Campanha Nacional de 2024
Bancários, bancárias e dirigentes sindicais estão participando do segundo dia do 8º EEBAN/MS (Encontro Estadual dos Bancários de Mato Grosso do Sul), que acontece na cidade de Dourados.
No período da manhã, houve a composição da mesa para o início dos trabalhos do segundo dia de evento para a realização da leitura e aprovação do Regimento Interno. Para isso, a mesa foi integrada pelo vice-presidente do SEEB-Dourados, Raul Lídio Pedroso Verão, o secretário de finanças do SEEBCG-MS, José dos Santos Britto, e a secretária geral do SEEB Ponta Porã, Lirianny Fuchs.
Em seguida, a economista e supervisora técnica do Dieese em MS, Andreia Ferreira, apresentou o painel “Conjuntura do Sistema Financeiro e os retrospectos das negociações de outras categorias”. Segundo a economista, os desdobramentos das primeiras medidas feitas pelo ex-presidente deixaram resquícios marcantes para a economia após o ano de 2019. Como é o exemplo da taxa selic, passando de 2% ao ano, em março 2021, para 13,75% ao ano, em agosto de 2022. “Esse período se traduziu em baixa atividade econômica, aumento da taxa de desemprego. A inflação também começou a subir”. Ela falou ainda sobre as taxas de juros bancárias que também sofreram elevação, mas que vem revertendo seus números gradativamente.
Além disso, Andreia abordou como os avanços tecnológicos podem afetar os empregos no ramo financeiro - apenas em 2024, há a expectativa de R$ 2,98 bilhões em investimentos de infraestrutura e soluções tecnológicas no setor financeiro. Apesar do grande investimento em equipamentos, a economista alerta que as taxas de treinamentos para executar tais tecnologias não acompanham o crescimento. Em 2023, em relação ao ano anterior, houve uma queda no investimento de treinamentos de profissionais do banco, com o tema “tecnologia” e “segurança cibernética”, com uma diminuição de 34% e 16%, respectivamente.
“Uma coisa que eu tenho estudado é como as tecnologias têm afetado os empregos. No setor privado, isso tem andado a passos largos e sabemos que os bancos são o melhor exemplo disso. Você já tem serviço de IA dentro das agências bancárias. E aí, como ficam os empregos? Já temos agências bancárias e postos de atendimento fechando. Os bancos estão investindo em uma infraestrutura com o objetivo de reduzir custos e isso reflete nos trabalhadores, afinal, máquinas fazem greve?”, questionou a economista.
Andreia Ferreira trouxe dados sobre o caderno de negociações, atualizado em 2024, que apresenta as distribuições de reajustes salariais em relação ao INPC do IBGE. Onde o menor percentual fica entre os comerciantes, não chegando a 60% da inflação, e o melhor está no setor de construção e mobiliário, que passa dos 90%.
Campanha Nacional
No segundo painel do dia, a secretária de Mulheres da Contraf-CUT e coordenadora da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil, Fernanda Lopes, falou sobre a Campanha Nacional e Negociação Coletiva dos Bancários. Fernanda trouxe para os bancários e bancárias algumas das principais pautas que vão permear a campanha deste ano, como: o fortalecimento das entidades sindicais e negociação coletiva, apoio a nova legislação sindical; ampliação da sindicalização; inclusão digital, avanços tecnológicos e impactos dos empregos, em geral e nos trabalhos bancários; a diminuição das metas, mais saúde e fim do assédio moral.
“Os bancos finalmente assumiram que o adoecimento da categoria é sistêmico. Existem dados e estudos feitos com os bancários e bancárias que indicam o adoecimento por causa da grande pressão dentro das agências. Os dados ainda mostram que para a mulher esse adoecimento é ainda maior graças às duplas ou triplas jornadas de trabalho”, disse Fernanda.
A representante da Contraf afirmou ainda que a conjuntura não apresenta uma boa perspectiva para a negociação com os bancos, mas que a união da categoria é fundamental para o enfrentamento desse novo desafio.
“O cenário é difícil, mas acredito muito na nossa força como categoria bancária. Não é fácil passar dia e noite nas negociações através do nosso Comando Nacional, mas temos que seguir e mostrar a importância da unidade bancária. É essencial nesse momento pensar no futuro e seguir no nosso enfrentamento”, concluiu.
8º EEBAN
O 8º EEBAN/MS teve início nesta sexta-feira, dia 26 de abril, com a abertura oficial do evento e a palestra da deputada federal e bancária aposentada da Caixa, Erika Kokay , sobre “Conjuntura Política e Econômica – Reflexos na classe trabalhadora e a correlação de forças no Congresso Nacional”.
Leia mais em: Abertura do 8º EEBAN/MS reúne bancários, dirigentes sindicais e autoridades em Dourados
O evento segue na tarde deste sábado, dia 27, com o trabalho dos grupos para análise e debate da minuta de reivindicações da categoria. Os grupos serão divididos pelos assuntos: emprego, remuneração, saúde e condições de trabalho. Após os debates, as propostas serão apresentadas, debatidas e aprovadas em plenária do encontro.
Programação da tarde do dia 27 de abril:
13h30 - Reinício com trabalho de grupos para discussão dos temas
15h - Plenária Final - Apresentação dos debates nos grupos
16h - Eleição dos(as) delegados(as) para a Conferência Regional da FETEC-CUT/CN
16h30 - Encerramento
Por: Comunicação do SEEBCG-MS
Fotos: Reginaldo de Oliveira/Martins e Santos Comunicação