Número de contas cresceu 52% de 2001 a 2006
População cresceu só 7,4%; baixa renda puxa alta O número de contas do sistema bancário brasileiro cresceu 51,7% entre 2001 e 2006, segundo pesquisa do BC (Banco Central) divulgada ontem. Ao final do ano passado, o Brasil contava com 76,8 milhões de poupanças e 59,5 milhões de contas correntes. No mesmo período, a população do país cresceu 7,4%, chegando a 186,8 milhões de pessoas. Segundo o estudo, os correspondentes bancários e a criação das contas simplificadas foram os principais destaques do período, e boa parte da expansão ocorreu com a inclusão de clientes de classes mais baixas. O estudo mostra que a porta de entrada mais usada para o sistema bancário tem sido a poupança. Em seis anos, o total de contas desse tipo subiu 50,1%. A evolução das contas correntes foi um pouco mais discreta, com crescimento de 37,3% no mesmo período. Marden Soares, consultor do BC e um dos autores do estudo "Microfinanças, o papel do BC e a importância do cooperativismo de crédito", explica que essa democratização dos serviços bancários ocorreu como conseqüência da estabilidade econômica e a necessidade das instituições de novos clientes. Com pouco espaço para crescer nas classes mais altas, os bancos tiveram de mudar a estratégia usada por anos no Brasil e, assim, passaram a procurar os mais pobres. Embora o estudo não tenha detalhado o perfil dos novos clientes, o pesquisador diz que é possível traçar algumas características. "Geralmente ganha pouco, não tem trabalho formal e mora em locais distantes ou na periferia", afirma. Os consultores do BC comemoraram a estréia desse brasileiro nos bancos. Soares lembra que as instituições financeiras permitem que esse cliente proteja seus recursos contra a inflação e conte com crédito para consumo ou investimento. "Serviços comuns para a maioria dos brasileiros são novidade para esses brasileiros", diz. Apesar de a pesquisa destacar a democratização bancária, a novidade ainda ocorre em nichos. O professor da Faculdade de Economia e Administração da USP Márcio Nakane observa que os novos clientes têm sido absorvidos mais por Banco do Brasil e Caixa Econômica. Para os próximos anos, o BC aposta no aumento do microcrédito. Nakane concorda e aposta que a queda do juro deve acelerar a expansão do setor.