Mesmo ganhando muito, banqueiros dizem "não" para tudo
O setor que mais ganha dinheiro no país nega reposição da inflação nos salários, nega aumento real, nega melhora na PLR. Não quer nem saber de discutir melhora na segurança, condições de trabalho, horário de atendimento nem garantia no emprego (São Paulo) Na rodada de negociação que aconteceu nesta segunda-feira, 21, os representantes dos bancos disseram não para todas as reivindicações dos trabalhadores do sistema financeiro. Negaram a correção da inflação nos salários, disseram não para aumento real, para a melhora da PLR, com distribuição mais justa. Não querem nem saber de 13a cesta-alimentação, muito menos do 14o salário, que para eles seria descabido. Não querem discutir horário de atendimento, que seria prerrogativa de normatização por parte do Banco Central. Nem nas discussões sobre saúde e condições de trabalho houve avanço. O Comando Nacional apresentou pesquisa que demonstra a existência de dez mortes no país neste ano por conta da violência e afirmou que, se quisessem, poderiam ser apresentados os nomes das vítimas. Os representantes dos bancos disseram que o RH não é especializado em discutir isso e que, no máximo, ouviriam sugestões. “O setor que mais lucra no país, que bate recordes atrás de recordes, demonstrou total intransigência neste começo de negociação”, afirma Vagner Freitas, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). “Teremos de nos mobilizar e pressionar bastante para conquistarmos nossas reivindicações. Como acontece todo ano, nada vem de graça. Até porque somos nós, os trabalhadores, que sofremos com as péssimas condições de trabalho, com a insegurança, com o assédio moral”, complementa Vagner. Outro ponto que os bancos não querem nem ouvir falar é sobre garantia de emprego. Afirmaram que ajudaram a derrubar a adesão do Brasil à Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) tratado internacional que impede a dispensa imotivada. Essa recusa à convenção aconteceu em 1996, no governo Fernando Henrique Cardoso. Eles alegaram que ajudaram a derrubar a medida porque engessaria a liberdade que têm para demitir. Uma das poucas novidades na mesa de negociação foi a proposta da Fenaban de renovar a Convenção Coletiva Nacional por dois anos, em lugar das negociações anuais. “Podemos negociar o período de duração do contrato, mas não abrimos mão de aumento real, emprego e melhores condições de trabalho e saúde para todos”, conclui Vagner. Fonte: Contraf-CUT