Notícias

1 de Janeiro de 2001 às 22:59

Massacre de Carajás completa 12 anos

O Massacre de Eldorado dos Carajás, como ficou conhecida a violenta repressão da Polícia Militar do Pará contra agricultores e sem terra, em 17 de abril de 1996, completa 12 anos de impunidade. Dos 153 acusados pela morte de 19 trabalhadores, agressões e mutilações a outros 69, apenas três foram a julgamento em 1999, e absolvidos: o coronel Mário Pantoja, o major José Maria Oliveira e o capitão Raimundo Almendra. O julgamento foi anulado um ano depois e, desde então, uma disputa judicial se arrasta sem fim. O conflito começou quando a polícia tentou retirar da Rodovia PA-150, que liga Belém ao Sul do Pará, cerca de 1,5 mil sem terra, acampados em protesto contra a lentidão da demarcação de terras, e terminou se transformando em um dos crimes cometidos no Brasil que mais causaram comoção internacional. A responsabilização individual dos soldados é praticamente impossível, pois não há como saber quem fez os disparos. O registro da entrega das armas simplesmente desapareceu. As imagens exibidas durante o julgamento, que registram os primeiros minutos do conflito, mostram um sem terra atirando contra a polícia, o que reforçou a idéia de “legítima defesa” dos policiais. No entanto, o confronto durou 40 minutos que não “foram ao ar”. A PM aprendeu a câmera, misteriosamente. Testemunhas apontam que pelo menos 10 vítimas foram assassinadas friamente, a tiros e golpes de foice, até mesmo depois do fim do confronto. Hoje, após 12 anos de intensa disputa judicial e debate na sociedade, a lição que fica do Massacre de Eldorado dos Carajás é de que o governo deve tratar os movimentos de excluídos como uma questão social e não um caso de polícia.



Sindicato dos Bancários de Dourados e Região - MS

Rua Olinda Pires de Almeida, 2450 Telefone 0xx67 - 3422 4884