Livro joga suspeita sobre deputados federais de MS
Lançado ainda no calor da Operação Uragano, investigação que sacudiu as estruturas da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul, o livro a “Máfia de Paletó”, do jornalista, secretário de Governo e de Comunicação da Cidade, Eleandro Passaia, afirma, taxativamente, que parlamentares federais cobram “retorno” financeiro pelo dinheiro que conquistam do Orçamento Federal para investimento na cidade. O Campo Grande News obteve o texto original, com denúncias envolvendo também os deputados. De tudo que já foi escancarado sobre a corrupção na cidade, essa é a principal novidade das cerca de cem páginas escritas por Passaia sobre o escândalo do qual foi o pivô, atuando como uma espécie de agente infiltrado da Polícia Federal nos gabinetes de Dourados. Na apresentação do livro, ele pede desculpas à população de Dourados, por ter feito parte da campanha do prefeito Ari Artuzi (PDT), hoje preso, e por ter, durante mais de ano, ter defendido a administração dele, primeiro na comunicação e depois na Secretaria de Governo. Passaia diz que acreditava no que Artuzi dizia. “Mudei de ideia quanto ultrapassei a antesala dos acordos políticos e encarei a “máfia” que se esconde nos gabinetes”, justifica. A máfia descrita por Passaia é formada - além do próprio prefeito, de secretários, vereadores, servidores e empresários – pelos parlamentares que atuam em Brasília para conseguir recursos da União e depois cobram a fatura depois, exigindo a devolução de parte dos valores. Retorno aos federais - Um capítulo do livro é destinado a explicar como isso ocorria em Dourados e Passaia não poupa nomes. Afirmando não ter provas sobre tantas outras denúncias, ele diz que vai se ater ao conteúdo das conversas gravadas e entregues à Polícia Federal e, a partir daí, cita como parlamentares que adotariam essa prática, sempre usando para a cobrança de valores os assessores. O primeiro nome que aparece é deputado federal e candidato ao Senado, Dagoberto Nogueira (PDT). “Sérgio Castilho, assessor especial do Dagoberto Nogueira (PDT), sempre cobrou o direcionamento das licitações”, garante. Passaia fala em um percentual de 5% dos investimentos viabilizados por Dagoberto que seriam devolvidos a ele. Na sequência, fala de Walquiner Gonçalves França, assessor do deputado federal Antônio Carlos Biffi (PT). “Fazia as mesmas exigências”, afirma. “Nunca deixou de cobrar retorno dos investimentos garantidos através da intervenção do legislador petista”. Outro citado é o deputado federal Vander Loubet (PT), o mais votado nas eleições passadas no Estado. Passaia diz que, assim como os outros, ele nunca fala pessoalmente em dinheiro. “Mas o funcionário Sandro Omar de Oliveira Santos diz ser o mensageiro de Vander Loubet”. Douradenses- O deputado federal com base política em Dourados Geraldo Resende é avaliado por Passaia como o “maior ator entre os deputados”. O jornalista e secretário afirma que o peemedebista cobra em praça pública a agilização das licitações, de olho na comissão que pode levar. “Numa conversa em seu escritório em Dourados me convenci de que seus ideais não são tão puros quanto parecem. Reclamou de que precisa do “retorno das verbas garantidas para dar o mínimo de viabilidade a seus projetos”, testemunha. Passaia afirma ter tentado, enquanto estava travestido de espião da Polícia Federal, fazer com que Resende falasse mais dos retornos. “Mas o legislador se esquivou como o diabo foge da cruz”. Ele comenta ainda que, dias depois desses fatos, Artuzi e Geraldo Resende romperam relações e não houve mais conversa sobre o assunto. O último parlamentar cujo nome aparece no livro entre os que cobram comissão pelos investimentos conquistados para Dourados é Marçal Filho, também da cidade. “Marçal e a esposa, Keliana Fernandes, cobraram pessoalmente o adiantamento do retorno das obras. Concordaram inclusive em desviar dinheiro da Secretaria de Saúde para pagar as despesas de um show da rádio 94 FM, de propriedade do casal”, escreveu Passaia. Sobre os outros deputados federais, Waldemir Moka (PMDB), Nelson Trad (PMDB) e Antônio Ferreira Cruz (PP), Passaia disse não ter conversado com nenhum deles sobre recursos destinados a Dourados enquanto secretário de Governo. Fonte: Campo Grandenews