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13 de Setembro de 2010 às 23:59

Jornalista é apreendido na capital por distribuir jornais que desagradavam Puccinelli

Policiais militares apreenderam ontem em Campo Grande 850 exemplares do jornal semanário “Impacto Campo Grande”. Na operação, o distribuidor dos jornais, o jornalista Mário Pinto, foi detido, levado para a delegacia e lá ficou por sete horas. Ele disse que sua prisão e a apreensão dos jornais foi uma medida “arbitrária, sem fundamentação jurídica, nojenta e autoritária”. O confisco dos jornais ocorreu por volta das 10h, na esquina da Avenida Afonso Pena com a 14 de julho, centro de Campo Grande, ponto tradicional de distribuição dos semanários aos domingos. O jornalista disse que existe uma liminar que proíbe a publicação do nome do governador André Puccinelli, do PMDB, candidato a reeleição do PMDB, no semanário. “Essa liminar indica que não podemos produzir material que deprecie a imagem do governador, como escrever que ele é narigudo, ou coisa assim. Acontece, que o que noticiamos nesta semana foi praticamente uma republicação das reportagens trabalhadas pela imprensa estadual, apenas isso. Aonde está a ilegalidade? Por isso digo que a prisão foi arbitrária”, disse Mário Pinto, que prepara um recurso com a intenção de protestar com sua prisão e apreensão dos 850 jornais. Ele deixou a delegacia por volta das 17h após assinar um TAC, o conhecido Termo de Ajuste de Conduta, documento que obriga o envolvido no caso a participar das audiências judiciais assim que a questão for apurada por meio de inquérito policial. “Tive de assinar, caso contrário não sairia mais delegacia”, disse ele. Pela liminar, segundo o jornalista, o governador cobraria R$ 50 mil por exemplar que falasse mal dele. Mário Pinto disse que estava na avenida distribuindo os jornais quando apareceram por lá dois policiais militares e o pediram para acompanhar até a Depac (Delegacia de Pronto-Atendimento ao Cidadão). “Vou fazer o que? Reagir, nada disso. Não me mostraram alguma determinação judicial, nada, nada. Acho que passou alguém [pela avenida] e avisou para a polícia ir até lá”, manifestou o distribuidor. Eis as notícias estampadas na primeira página do jornal apreendido: “Mato Grosso do Sul tem um governo para os ‘cupinchas’; Escracho fantástico de um aliado de Puccinelli; Filho de governador também senta no banquinho da Justiça. A primeira reportagem tem a ver com a declaração do governador em duas cidades do interior do Estado, assunto explorado à exaustão no programa eleitoral do adversário de Puccinelli, o ex-governador Zeca do PT. Quanto ao “escracho fantástico”, o material trata da prisão da quadrilha supostamente chefiada pelo prefeito Ari Artuzi, do PDT, preso na operação Uragano, da Polícia Federal. O jornal comenta que Artuzi era um apoiador da reeleição de Puccinelli. Já na notícia sobre o filho do governador, o jornal dedica em meia página a audiência judicial ocorrida nesta semana, acerca de um episódio ocorrido em setembro de 2006, dois dias antes da eleição. Quatro meses após aquele pleito, que elegeu Puccinelli governador, a Polícia Federal impôs uma operação que ficou conhecida como “Vintém”. Durante a investigação, sustentada por quebras de sigilos telefônicos, a PF descobriu que o ex-deputado estadual Semy Ferraz, do PT, um crítico do governador, foi vítima de um complô que incriminou dois dias antes da eleição como comprador de votos. Hoje, Ferraz, que perdeu aquela eleição, aparece no processo como vítima e não como réu. AS MANCHETES Ali onde ocorreu o confisco dos jornais do Impacto eram distribuídos exemplares de outros três jornais, que estampavam essas manchetes: “A 21 dias da eleição, apenas a disputa pela 2ª vaga do Senado está indefinida”. Fotografias de Puccinelli, do senador Delcídio do Amaral e da presidenciável Dilma Roussef ilustravam essa capa. Outra manchete: “Mergulhadores desafiam o perigo e nadam com sucuri em Bonito”. Já outro citava que “André vai construir mais 50.000 casas”. Esses curiosamente não foram apreendidos. Fonte: Midiamax Campo Grande – Por Celso Bejarano



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