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9 de Junho de 2022 às 08:49

Fome: Sob Bolsonaro, Brasil retrocede aos níveis da década de 1990

Pesquisa aponta que 33,1 milhões de brasileiros vivem sem ter o que comer diariamente.

Pessoas com mais de 30 anos devem se lembrar que a fome era um tema comum nos noticiários brasileiros da década de 1990. O flagelo da fome, como era chamado, era pautado quase diariamente já que uma parte considerável da população vivia abaixo da linha da miséria e padecia da falta de acesso aos alimentos - situação que vem ocorrendo novamente desde o golpe em 2016 e que chegou ao ápice em 2022.

De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), 33,1 milhões de brasileiros vivem sem ter o que comer diariamente. O número representa cerca de 15% da população estimada pelo o IBGE para este ano: 214.388.866 de pessoas.

Conforme os inquéritos anteriores realizados pela mesma organização, o aumento do número de famélicos no País vem crescendo progressivamente. Em 2018, um ano antes da posse de Jair Bolsonaro como presidente, o número de pessoas passando fome era de 10,3 milhões. Já em 2020, com dois anos de mandato do atual presidente, cerca de 19 milhões de brasileiros passavam fome. Ou seja, somente durante a presidência de Bolsonaro a quantidade de pessoas passando fome aumentou aproximadamente 200%.

De acordo com Ana Maria Segall, médica epidemiologista e pesquisadora da Rede PENSSAN, "Os caminhos escolhidos para a política econômica e a gestão inconsequente da pandemia só poderiam levar ao aumento ainda mais escandaloso da desigualdade social e da fome no nosso país".

Austeridade fiscal: aumento da riqueza para alguns, aumento da pobreza e da fome para muitos

Ainda em 2021, Francisco Menezes, analista de Programas da ActionAid e ex-presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), apontava que a fome no Brasil tinha origens políticas.

Neste mês de junho, o site UOL noticiou que o governo Bolsonaro praticamente zerou o orçamento do principal programa de aquisição de alimentos da agricultura familiar, o Alimenta Brasil - que antes de ter o nome modificado por Bolsonaro se chamava Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Conforme explica o site do Ministério da Cidadania, responsável pelo programa, o objetivo do Alimenta Brasil é "promover o acesso à alimentação e incentivar a agricultura familiar".

Porém, dados apurados pelo gabinete do deputado Heitor Schuch (PSB-RS) com informações do Ministério da Cidadania mostram que com exceção de 2020 - quando o Alimenta Brasil recebeu verba de adicional de R$ 500 milhões por causa da pandemia - o valor aportado pelo governo no programa vem decrescendo. Para efeito de comparação, em 2012 sob Dilma Rousseff, o governo destinou R$ 586 milhões ao programa. Em 2021 foram apenas R$ 58,9 milhões, mesmo com o aumento da fome no País.

Para além do Alimenta Brasil, o governo Bolsonaro também destruiu outros programas que poderiam ajudar a conter o aumento da fome, como os armazéns da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), empresa pública ligada ao Ministério da Agricultura.



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