Em carta, Dilma se compromete a não mexer na lei do aborto
Petista, que já havia pedido publicamente a descriminalização, divulgou carta em que se queixa de 'campanha de calúnias' A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, assinou uma carta divulgada nesta sexta-feira em que se compromete, se eleita, não alterar a legislação do aborto e “de outros temas concernentes à família e à livre expressão de qualquer religião no País”. No documento, distribuído pelo gabinete do bispo Rodovalho, a petista se queixa do que descreve como "campanha de calúnias" e procura abafar as discussões que tomaram conta da disputa presidencial no segundo turno. "É com convicção que resolvi pôr um fim definitivo à campanha de calúnias e boatos espalhados por meus adversários", afirmou Dilma, na carta. No trecho em que trata especificamente do aborto, Dilma contrariou declarações feitas no passado, quando defendeu abertamente a descriminalização do aborto. "Sou pessoalmente contra o aborto e defendo a manutenção da legislação atual sobre o assunto", escreveu a petista. Na campanha petista, a avaliação é que os boatos envolvendo temas polêmicos como contribuiu para impedir que Dilma ganhasse a eleição no primeiro turno. Outra promessa de Dilma é rever o Plano Nacional de Direitos Humanos, “uma ampla carta de intenções”. “Não pretendo promover nenhuma iniciativa que afronte a família”, afirma a petista. Na carta, Dilma escreve ainda que, “se Deus quiser”, se tornará presidente da República. O presidente do PT, José Eduardo Dutra, que também coordena a campanha de Dilma, foi procurado pela reportagem, mas não retornou os contatos para comentar o texto. A divulgação da carta ocorreu no mesmo dia em que a campanha do presidenciável tucano José Serra distribuiu durante um evento em São Paulo um santinho reforçando o discurso religioso. Logo antes de o candidato participar de um encontro com professores na capital, assessores repassavam o panfleto contendo a mensagem “Jesus é a verdade e a justiça”. O material já circulava em eventos da campanha desde o começo da semana. Leia a íntegra da carta de Dilma: Dirijo-me mais uma vez a vocês, com o carinho e o respeito que merecem os que sonham com um Brasil cada vez mais perto da premissa do Evangelho de desejar ao próximo o que queremos para nós mesmos. É com esta convicção que resolvi pôr um fim definitivo à campanha de calúnias e boatos espalhados por meus adversários eleitorais. Para não permitir que prevaleça a mentira como arma em busca de votos, em nome da verdade quero reafirmar: 1. Defendo a convivência entre as diferentes religiões e a liberdade religiosa, assegurada pela Constituição Federal; 2. Sou pessoalmente contra o aborto e defendo a manutenção da legislação atual sobre o assunto; 3. Eleita presidente da República, não tomarei a iniciativa de propor alterações de pontos que tratem da legislação do aborto e de outros temas concernentes à família e à livre expressão de qualquer religião no País. 4. O PNDH3 é uma ampla carta de intenções, que incorporou itens do programa anterior. Está sendo revisto e, se eleita, não pretendo promover nenhuma iniciativa que afronte a família; 5. Com relação ao PLC 122, caso aprovado no Senado, onde tramita atualmente, será sancionado em meu futuro governo nos artigos que não violem a liberdade de crença, culto e expressão e demais garantias constitucionais individuais existentes no Brasil; 6. Se Deus quiser e o povo brasileiro me der, a oportunidade de presidir o País, pretendo editar leis e desenvolver programas que tenham a família como foco principal, a exemplo do Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e tantos outros que resgatam a cidadania e a dignidade humana. Com estes esclarecimentos, espero contar com vocês para deter a sórdida campanha de calúnias contra mim orquestrada. Não podemos permitir que a mentira se converta em fonte de benefícios eleitorais para aqueles que não têm escrúpulos de manipular a fé e a religião tão respeitada por todos nós. Minha campanha é pela vida, pela paz, pela justiça social, pelo respeito, pela prosperidade e pela convivência entre todas as pessoas. Dilma Rousseff Fonte: Site iG