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10 de Abril de 2025 às 05:22

Contraf-CUT participa da Jornada Nacional de Debates com foco no trabalho digno, meio ambiente e transição justa rumo à COP 30

O evento é promovido pelo Dieese, CUT e demais centrais sindicais, com apoio do Labora – Fundo de Apoio ao Trabalho Digno

Teve início nesta quarta-feira (9) a Jornada Nacional de Debates, promovida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e demais centrais sindicais, com apoio do Labora – Fundo de Apoio ao Trabalho Digno. Com o tema “Trabalho, Meio Ambiente e Transição Justa – rumo à COP 30”, o ciclo de encontros ocorre nas capitais dos 17 estados onde o Dieese mantém escritórios regionais.

A iniciativa faz parte da preparação da classe trabalhadora para o 1º de Maio e para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), marcada para novembro de 2025, em Belém (PA).

A pauta ambiental e a transição justa têm se consolidado como eixos centrais para o futuro do trabalho no Brasil. Com o país avançando rumo a uma economia de baixo carbono, cresce a responsabilidade das centrais sindicais em articular propostas concretas que garantam desenvolvimento sustentável com justiça social e trabalho decente.

Durante os encontros, serão debatidos temas como geração de empregos verdes; requalificação profissional; políticas públicas para um desenvolvimento sustentável e impactos das mudanças climáticas nas populações mais vulneráveis.

A meta é construir propostas sólidas para serem apresentadas nas mesas de negociação e fóruns nacionais e internacionais ligados à COP 30.

Trabalho digno e sustentabilidade: agendas complementares

Segundo o Dieese, a transição para modelos produtivos sustentáveis tem potencial para criar milhões de empregos no Brasil. Setores como energia solar e eólica, por exemplo, demonstram crescimento acelerado — somente a energia solar gerou 264 mil empregos em 2023, consolidando o país como um dos mercados mais promissores da América Latina.

Apesar do potencial, especialistas alertam: é preciso garantir políticas públicas abrangentes que incluam educação, capacitação técnica, proteção social e inclusão de grupos vulneráveis, para que os benefícios da transição ecológica não aprofundem desigualdades já existentes.

A atuação propositiva das centrais, especialmente da CUT, tem sido essencial para garantir que a transição ecológica seja também uma alavanca de desenvolvimento social, com trabalho decente e direitos garantidos.

“A gente precisa estar inserido neste debate. A pauta dos trabalhadores precisa ser ouvida, pois eles são parte fundamental deste cenário. Nós temos um novo mundo do trabalho, mudanças intensas estão acontecendo e precisamos acompanhá-las, pois isso definirá nosso futuro”, afirmou Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT, durante a mesa de abertura do evento realizado em São Paulo, na qual representou a CUT.

Ela também reforçou a importância do 1º de Maio como data de mobilização e reflexão. “É hora da classe trabalhadora se juntar, fazer um resgate histórico para vermos o quanto evoluímos desde que a data foi instituída e fazer uma reflexão de quanto e como podemos avançar daqui para frente. A luta sempre foi por qualidade de vida, por justiça social — essa é a luta central da classe trabalhadora”.

Para o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT, Walcir Previtale, os trabalhadores e as trabalhadoras do ramo financeiro precisam estar inseridos de forma profunda no debate sobre a COP 30, que acontece em novembro, mas já mobiliza a sociedade nos debates preparatórios. “Um dos pontos centrais é o papel do sistema financeiro no financiamento de projetos que envolvem desmatamento ilegal ou trabalho análogo à escravidão, especialmente na Amazônia. Tanto bancos privados quanto públicos têm financiado empreendimentos de grandes grupos econômicos que acumulam denúncias e processos relacionados a essas práticas.”

Walcir defende que o crédito seja direcionado com critérios sociais e ambientais claros, construídos de forma coletiva com a sociedade. “Não podemos continuar canalizando recursos para projetos que não respeitam o meio ambiente nem os direitos humanos. É urgente repensar o modelo econômico vigente, baseado na superacumulação de lucros à custa de um alto preço social e ambiental. Precisamos colocar isso na balança, porque quem paga essa conta são as pessoas e a natureza."

A secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, Elaine Cutis acredita que "a transição justa só será verdadeira se unir justiça ambiental e justiça social. Isso passa por investimento em energias renováveis, requalificação profissional dos trabalhadores e respeito às comunidades tradicionais e periféricas. O movimento sindical está mobilizado para garantir que a COP 30 escute as vozes das ruas e dos territórios. Não haverá justiça climática sem justiça social — e essa é uma luta que precisa estar no centro das decisões globais."

Jornada Nacional de Lutas

A Jornada de Debates faz parte da Jornada Nacional de Lutas, que mobilizará trabalhadoras e trabalhadores de 9 de abril a 31 de maio, com foco na redução da jornada de trabalho com manutenção dos salários; justiça tributária, com isenção de imposto de renda para PLR e para quem ganha até R$ 5 mil e descontos escalonados para rendas até R$ 7 mil.

Rumo à COP 30: com protagonismo da classe trabalhadora

A COP 30 será um marco nas discussões globais sobre o clima, reunindo cerca de 40 mil participantes, incluindo líderes mundiais, cientistas, ONGs e representantes da sociedade civil. Desses, aproximadamente 7 mil compõem a chamada "família COP", formada por equipes da ONU e delegações oficiais.

A escolha de Belém (PA) como sede é estratégica. Como afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, trata-se de uma oportunidade de discutir a Amazônia dentro da própria Amazônia, com os povos indígenas, ribeirinhos e demais comunidades tradicionais presentes e ouvidos.

Entre os principais temas da conferência estarão:

  • Redução de emissões de gases de efeito estufa;
  • Adaptação às mudanças climáticas;
  • Financiamento climático para países em desenvolvimento;
  • Tecnologias de energia renovável e soluções de baixo carbono;
  • Preservação de florestas e biodiversidade;
  • Justiça climática e impactos sociais da crise ambiental.
  • A CUT e as demais centrais sindicais têm papel estratégico para garantir que o trabalho digno e a inclusão social estejam no centro desse debate.

Fonte: Contraf-CUT



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