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22 de Agosto de 2025 às 21:38

Com representação de norte a sul do país, 27ª Conferência Nacional dos Bancários é aberta em São Paulo

Encontro, que acontece de 22 a 24 de agosto em São Paulo, reúne bancários para debater desafios da categoria

“O Brasil está aqui, de norte a sul, representado e unido. Essa militância construiu uma história bonita e de resistência. É muito importante estarmos juntos hoje, para debater o futuro que queremos — e o futuro começa agora”. Com essas palavras, a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e vice-presidenta da CUT Brasil, Juvandia Moreira, abriu oficialmente, na noite desta sexta-feira (22), a 27ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada em São Paulo.

O encontro, que vai até domingo (24), reúne delegados e delegadas de todo o país para discutir não apenas as pautas da categoria, como a defesa do emprego e a regulamentação do sistema financeiro, mas também os grandes temas nacionais, como a soberania do Brasil, o combate ao fascismo e a construção de uma economia socialmente sustentável.

Juvandia ressaltou que bancárias e bancários sempre estiveram na linha de frente das lutas sociais e políticas do país. “Nós ajudamos a criar centrais sindicais, partidos de esquerda e sempre pensamos no futuro que a gente queria. Agora, é urgente que lutemos para preservar e garantir os direitos da classe trabalhadora, por um sistema fiscal justo e social e contra o fascismo, que corrói as instituições e espalha ódio e mentiras por todo o país”, afirmou.

Ela lembrou ainda que a categoria esteve presente nos momentos mais difíceis da democracia. “Desde o golpe que tirou a presidenta Dilma, para implementar um projeto de entrega do patrimônio brasileiro e que culminou no fascismo, a gente estava aqui: lutando, resistindo, brigando por esse Brasil. Por isso, é muito importante estarmos aqui hoje, juntos, unidos.”

A dirigente destacou os riscos atuais à soberania nacional. “A gente está num momento em que a soberania está sendo atacada. Nunca antes na história do país nós sofremos com esses riscos. O Trump não está defendendo a família Bolsonaro, ele está defendendo as empresas norte-americanas. Ele se sente ameaçado por coisas como o Pix, que deve ser modelo internacional e ameaça empresas americanas. Fazer a conferência neste momento é muito importante.”

Outro ponto abordado por Juvandia foi a necessidade de regulamentar o sistema financeiro. Ela criticou a atuação de Campos Neto à frente do Banco Central, que, segundo ela, atendeu a interesses privados, especialmente do Nubank. “Ele desregulou o sistema com a criação das fintechs. Essa transferência dele não foi negociada agora. Foi lá atrás, quando ele assumiu o cargo, porque beneficiou muito a empresa.”

Juvandia também ressaltou a mobilização popular. “É um momento extremamente importante. No dia 7 de setembro, nós temos que tomar as ruas desse país para defender a soberania, para defender o Brasil, para defender o povo brasileiro. Nós temos aqui militantes, homens e mulheres que fazem a diferença desse país. Nós temos que ter orgulho da nossa história. Nós temos que continuar essa luta, pois nós somos o Brasil que trabalha, que produz e desenvolve este país.”

A presidenta da Contraf-CUT reforçou ainda o chamado conjunto da CUT, das centrais sindicais, da Frente Brasil Popular, da Frente Povo Sem Medo e do Grito dos Excluídos. “É urgente gritarmos por direitos da classe trabalhadora, por uma economia social sustentável, por um sistema fiscal justo. Nós precisamos combater o fascismo, porque o fascismo corrói e vai se espalhando pelo Brasil. Eles não querem leis, porque querem espalhar ódio e mentiras sem punições.”

Por fim, ela destacou o papel central da Conferência Nacional. “A Conferência é o espaço máximo de deliberação da categoria, no qual são aprovadas as estratégias de mobilização e negociação para o próximo período. Nós temos que debater os principais assuntos da nossa categoria, mas também os principais assuntos do nosso país, pois nós somos o Brasil que trabalha, o Brasil que produz e desenvolve este país.”

Até domingo, serão realizados debates, grupos de trabalho e plenárias para definir o plano de lutas que guiará a Campanha Nacional dos Bancários.

Em sua intervenção, Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas do Ramo Financeiro de São Paulo, Osasco e Região e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários, ressaltou que o encontro acontece em um momento decisivo para a categoria e para o país, marcado por debates sobre soberania, democracia, defesa dos bancos públicos e direitos sociais. Neiva destacou a importância da organização sindical para enfrentar os ataques que os trabalhadores vêm sofrendo, como o fechamento de agências, a precarização das relações de trabalho e os efeitos da reforma trabalhista. “Se a abertura da nossa conferência começa com essa energia, imagina os próximos dias de debates. A nossa luta é muito importante, nossa organização é fundamental para defender nossas pautas, a democracia e a soberania nacional”, afirmou.

A dirigente também agradeceu a presença do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, no evento, destacando seu empenho na defesa das pautas da classe trabalhadora dentro do governo federal e no Congresso Nacional. Para ela, o fortalecimento das entidades sindicais é essencial para avançar em conquistas que passem pelo crédito e desenvolvimento voltados aos trabalhadores, pela tributação dos super-ricos e pela valorização do trabalho. “Estamos sendo superexplorados, adoecendo em um sistema financeiro que não pensa no desenvolvimento social. É por isso que estamos aqui: para defender nossa categoria e todos os trabalhadores em geral, lutar contra a entrega dos nossos direitos e garantir que o Brasil avance em um projeto de desenvolvimento econômico e social com justiça”, concluiu Neiva, desejando uma conferência proveitosa a todos os participantes.

Marinho pede organização para mudar o Congresso

Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego do Governo Lula, iniciou sua fala parabenizando o movimento sindical bancário pelo exemplo de organização. “Vocês foram construindo, ao longo das décadas, um sistema de representação e negociação muito completo. Há muitas categorias igualmente organizadas, mas nenhuma de forma nacional. Vocês souberam aproveitar esse processo, e é isso que nós esperamos que os trabalhadores façam: se organizem nacionalmente e internacionalmente”, saudou.

Após o reconhecimento à categoria bancária, Marinho afirmou que o momento atual é complexo, resultado dos retrocessos após o golpe contra a presidenta Dilma. “Retrocessos que incluíram a descontinuidade de muitas políticas públicas e o enfraquecimento do movimento sindical brasileiro. Apesar da resistência liderada por Lula e de sua eleição em 2022, nossos desafios não terminaram”, afirmou. “Nossa resistência é mais necessária do que nunca agora, para dar continuidade à defesa da nossa soberania, da nossa democracia e do sonho do povo brasileiro”, acrescentou.

O ministro também abordou os impactos do tarifaço imposto por Trump na economia brasileira, ressaltando que o Governo Lula tem atuado para solucionar os problemas da produção nacional e colocar crédito à disposição das empresas, de modo a garantir empregos e abrir novos mercados. “O Brasil já foi 25% dependente do mercado norte-americano. Hoje, a dependência é de 12%. O que aconteceu é que nós abrimos muitos outros mercados. Nesses dois anos e sete meses de governo, abrimos 400 novos mercados”, informou.

Marinho falou ainda sobre o mercado de trabalho brasileiro, sublinhando a necessidade de o movimento sindical estar preparado para debater os impactos da pejotização. “A pejotização é mais grave que a terceirização, porque ela pode destruir a Previdência Social e o Fundo de Garantia (FGTS). E o FGTS é o responsável por financiar políticas públicas importantes, como o Minha Casa, Minha Vida, e também investimentos em projetos de desenvolvimento do país. Com a pejotização, não haverá recursos para o BNDES trabalhar, da mesma forma que para o Sistema S”, alertou.

“Diante de tudo isso, o nosso desafio é olhar para essa conjuntura e saber que os nossos resultados passam pelas urnas. Conduzir Lula à presidência não foi suficiente diante da armadilha que temos no Congresso Nacional, que sequestrou e se apropriou de mais de 50% do orçamento brasileiro. Por isso, precisamos estar comprometidos com a mudança na Câmara e no Senado na próxima eleição. Pois vencer a disputa no Congresso Nacional significa dar condições de Lula fazer o melhor governo da história”, avaliou Marinho.

“Trago esses temas para dizer: vamos acreditar no Brasil, vamos defender nossa soberania e fortalecer a nossa democracia. Vamos fazer o debate político, pois é por essa via que podemos transformar o nosso município, nosso estado e o nosso país”, finalizou.

União de forças

“Precisamos refletir sobre o que está acontecendo no nosso país, com o presidente dos Estados Unidos tentando interferir nos rumos políticos e econômicos que estamos traçando. O Lula está fazendo muito bem a defesa da soberania, deixando claro que aqui temos um sistema político consolidado, que temos nosso Poder Judiciário independente, e aproveito para fazer uma homenagem aqui ao ministro Alexandre de Morais, que está defendendo muito a Justiça brasileira, assim como o Lula está defendendo do lado político. Estão deixando bem claro e dizendo que aqui, a interferência não funciona”, afirmou o presidente da Federação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo (Fetraf-RJ/ES) e representante da corrente política Fórum, Nilton Damião Esperança.

Em sua fala, a vice-presidenta da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, representante da corrente política Unidade, Ana Stela Alves de Lima, lembrou de um vídeo que está sendo preparado em Campinas, dos 40 anos de uma passeata que deu início ao movimento de toda a categoria bancária. “Ali estava o início de uma grande unidade em torno de uma causa comum. Às vezes, a gente se perde em questões menores. Precisamos nos pautar pelo que nos une, que é a defesa dos trabalhadores”, reforçou Ana Stela.

A dirigente sindical frisou a importância da categoria não se restringir apenas ao debate dos problemas do dia a dia. “É preciso evitar o avanço da pejotização e garantir a sobrevivência do trabalho. Depois, é necessário eleger um congresso decente. E, por fim, temos de reeleger o presidente Lula”, disse. “Ninguém faz nada sozinho. Como dizia o poeta, vamos precisar de todo mundo”, finalizou.

Carlos Pereira de Araújo, coordenador-geral do Sindicato dos Bancários do Espírito Santo e representante da Intersindical, afirmou que “estamos vivendo um momento muito singular e importante para os trabalhadores latino-americanos, em especial para nós da América do Sul. A velha luta de classes, mais do que nunca, está colocada. Há uma crise no sistema capitalista, na forma de se apropriar, na forma de consumir e na forma de produzir”. Para ele, “é fundamental que nós, bancários e bancárias, tenhamos esse entendimento claro. Precisamos lutar por melhores condições de trabalho e por saúde, mas também por nossa soberania. Nesse sentido, o 7 de Setembro será fundamental. Vamos construir nossa soberania, porque é com a luta que venceremos.”

“A pauta colocada nessa Conferência Nacional, que tem como tema central o futuro que queremos – com justiça, soberania, sustentabilidade, inclusão e democracia –, retrata muito bem o momento que vivemos, pois todos os trabalhadores querem esse futuro! E o desafio para alcançá-lo é, enquanto representantes dos trabalhadores, conquistarmos corações e mentes, mostrando quem está do nosso lado”, afirmou Cleberson Pacheco Eichholz, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Financeiro de Florianópolis e Região e representante da corrente política CSD. O dirigente relembrou os retrocessos recentes pós-golpe e concluiu: “Com a eleição do presidente Lula, nós conseguimos barrar novas medidas de retirada de direitos, mas não conseguimos voltar no tempo para retroagir aos retrocessos. E isso só será possível se conversamos com os trabalhadores para eleger um Congresso Nacional que possa estar ao lado do povo!”.

A presidenta da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe – FEEB Bahia e Sergipe e representante da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Andreia Sabino Macedo, observou que “atacar a soberania brasileira é atacar o patrimônio do nosso país, é atacar os bancos públicos, e isso significa menos crédito, menos financiamento.” Andreia também ressaltou que a presença do ministro Marinho na Conferência mostra a organização, a responsabilidade e a força da categoria bancária. “Temos que sair daqui e mostrar a importância destes dias que estamos passando, a importância das eleições do ano que vem, que a maioria dos deputados e senadores que temos no Congresso Nacional não têm compromisso com a classe trabalhadora.” Ela completou reforçando que a responsabilidade da categoria bancária é com toda a classe trabalhadora, não apenas com a categoria bancária. “Somos uma categoria politizada, mas temos que ser ainda mais, para reverter os votos de bancários e de trabalhadores de outras categorias que infelizmente ainda ajudam a eleger quem não tem nenhum compromisso com a defesa dos direitos da classe trabalhadora.”

O presidente da Fetrafi/NE e representante da Articulação Bancária, Carlos Eduardo Bezerra Marques, destacou o papel estratégico da categoria na defesa da democracia e da soberania nacional. Em sua fala, ressaltou que os desafios vividos pelo Brasil estão inseridos em um contexto mais amplo de disputas internacionais, marcadas por novas formas de imperialismo. “Internacionalmente estamos vendo as eleições na Colômbia, nos Estados Unidos, e percebendo que os ataques desse novo imperialismo são antigos, mas vêm com novas ferramentas para utilizar de belicismo militar, tecnologia, ameaça e coerção”, afirmou.

Carlos Eduardo reforçou que a resistência dos trabalhadores foi determinante para conquistas recentes, como a eleição do presidente Lula, e que o próximo período exige organização e unidade para consolidar um projeto nacional de desenvolvimento. Ele defendeu a soberania digital, a valorização da produção nacional e a preservação de conquistas como o Pix, ressaltando que o debate do ramo financeiro se conecta diretamente com as pautas de toda a classe trabalhadora. “A unidade construída aqui nos bancários, com sindicatos de todo o país e centrais sindicais, mostra que temos condições de avançar. Nossa grande tarefa é eleger Lula e defender nossa democracia e soberania”, declarou, desejando um bom congresso e convocando a categoria para a luta.

“Nós, empregados da Caixa, terminamos agora há pouco o 40º Conecef e, lá, reafirmamos mais uma vez o nosso compromisso de estar junto com toda a categoria bancária na luta. A mesma decisão foi tomada há 40 anos, quando conquistamos a jornada das seis horas e o direito de ser reconhecidos como bancários”, disse o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sérgio Takemoto.

“No Conecef, encontrei muitas pessoas que participaram da greve de 1985. Aqui na Conferência, revi o companheiro Isaias Dias. Lembrei que, em 1989, a gente passava os dias colando lambe-lambe e cantando músicas de protesto”, contou Sérgio Takemoto. Ele reforçou que, assim como aconteceu naquela época, é preciso ocupar as praças, as ruas e conversar com o povo da periferia. São eles que estão sendo enganados e que mais sofrem com ataques à democracia e à soberania do nosso país. “É preciso fortalecer os sindicatos e resgatar o nosso poder de luta. Se muito vale o que foi feito, mais vale o que será. E vamos à luta!”, finalizou.

Nilza Pereira, secretária-geral da Intersindical, observou que “a conjuntura nos mostra a importância de vocês estarem realizando a 27ª Conferência, com um tema fundamental: o futuro que queremos. Realizar a 27ª Conferência Nacional é um grande desafio, especialmente pelo tamanho e pela relevância que esse evento tem. Por isso, quero parabenizar esse esforço democrático e reconhecer o trabalho de todos os dirigentes que vieram de diferentes partes do país para pensar juntos o futuro dos trabalhadores.”

O secretário-geral da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), informou que, há 15 dias, foi realizada, na Bahia, o congresso da central. “Dentre nossas resoluções aprovamos a defesa da soberania nacional. Não podemos aceitar intervenções de nações estrangeiras que queiram interferir no nosso país. Temos, inclusive que recapturar a bandeira brasileira, que foi apossada por quem se diz patriota, mas defende os interesses de outro país”, disse. Ele lembrou também que as centrais sindicais, juntamente com os movimentos sociais, estão preparando um grande ato para o dia 7 de setembro, com o Plebiscito Popular, que propõe o fim da escala 6x1 e a taxação dos super-ricos. “Estes temas, juntamente com a soberania nacional, vai engajar os trabalhadores em defesa do nosso país e esta unidade é nossa maior força para virarmos o jogo e não deixar que a extrema direita fascista volte ao governo em 2026, com a eleição de uma grade bancada de parlamentares Lula para Presidente”.

A 27ª Conferência Nacional continua suas atividades neste sábado (23) e segue até a tarde de domingo (24), quando serão aprovadas as resoluções e o plano de lutas da categoria bancária para o próximo período.

Fonte: Contraf-CUT



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