Centrais reivindicam salário mínimo de R$ 1.342 em janeiro de 2023
Proposta, que resgata regra da política de valorização do salário mínimo exterminada pelo governo Bolsonaro, foi construída no Conclat, em abril deste ano, e entregue a Lula
As centrais sindicais reivindicam que o salário mínimo de 2023 passe dos atuais R$ 1.212 para R$ 1.342. O valor considera a inflação de 5,8% medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), mais 4,6% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2020, mesma regra usada na Política de Valorização do Salário Mínimo, proposta pelas centrais sindicais no primeiro mandato do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2003, que foi enterrada pelo atual governo de Jair Bolsonaro (PL), em 2019.
Apesar de ter dado aumentos reais maiores do que os governos anteriores, foi a partir de 2007 que Lula passou a usar no cálculo do reajuste do salário a fórmula negociada com as centrais que levava em consideração o INPC mais o PIB de dois anos atrás. O texto da lei que instituiu a política foi aprovado pelo Senado em 2011 e sancionado pela presidente Dilma Rousseff.
Política de valorização do salário mínimo está na pauta das centrais sindicais que foi entregue a Lula
Em abril deste ano, sindicalistas entregaram a Lula a Pauta da Classe Trabalhadora, documento unitário das centrais aprovado na Conferência da Classe Trabalhadora 2022 (Conclat-2022), em 7 abril.
Há duas semanas, os dirigentes se reuniram novamente com Lula para reforçar a reivindicação. Eles falaram com o presidente eleito sobre a importância de ter, já em janeiro, a retomada da política de valorização do salário mínimo (SM), que beneficia quase 57 milhões de trabalhadores e beneficiários da Previdência Social, segundo estimativa do Dieese.
O aumento do SM impacta e é benéfico para economia, aumenta o poder de compra de trabalhadores, aposentados e pensionistas.
Impactos do SM na economia
De acordo com estudo do Dieese sobre os impactos da elevação do salário mínimo na economia, estima-se que:
· 56,7 milhões de pessoas têm rendimento referenciado no salário mínimo.
· R$ 81,2 bilhões representam o incremento de renda na economia.
· R$ 43,8 bilhões correspondem ao aumento na arrecadação tributária sobre o consumo.
O salário mínimo é a base para pagamentos de benefícios, como:
. aposentadoria;
. Benefício de Prestação Continuada (BPC), concedido a idosos a partir de 65 anos e pessoas com deficiência de baixa renda;
. seguro-desemprego;
. abono salarial do PIS e do Pasep;
. é usado nos cálculos de pagamento de benefícios atrasados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mais rapidamente, para quem ganhou um processo judicial de concessão ou de revisão de benefício. Atualmente, o valor máximo que se pode receber por meio de Requisições de Pequeno Valor (RPVs) é R$ 72.720, o correspondente a 60 salários mínimos.