CAMPANHA SALARIAL: dois dias de negociação e os banqueiros só na enrolação. Agora só com mobilização
A rodada de negociação com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) sobre saúde e segurança, ontem, foi pura enrolação. Os banqueiros não apresentaram nada de concreto sobre as questões que mais prejudicam os bancários, principalmente em relação ao assédio moral e às metas. Nas cláusulas de segurança, dos 10 artigos em questão, houve avanço em apenas três. A Fenaban aceita permitir o acesso semestral às estatísticas de ataque aos bancos, concorda com a emissão obrigatória de boletins de ocorrência policial de assaltos, sequestros e extorsão e se compromete em assegurar atendimento médico e psicológico às vítimas. Os banqueiros se negam a discutir na mesa itens como transporte de valores por bancários e colocação de portas giratórias. Pior, na cidade onde não tem lei municipal obrigando a instalação, o Itaú e o Banco do Brasil estão retirando as que já existem. Para os trabalhadores, isso demonstra o descaso com a segurança e a saúde dos trabalhadores. Agora, é continuar a mobilização para forçar os banqueiros a avançarem nas discussões e atenderem as reivindicações da categoria. Assédio moral As negociações sobre assédio moral e metas abusivas, nessas primeiras rodadas, partiram dos resultados das discussões na Mesa Temática de Saúde do Trabalhador. Conquistada na campanha nacional do ano passado, esse fórum bipartite já realizou três reuniões este ano. A discussão gira em torno da implantação de um programa de prevenção de conflitos no ambiente de trabalho, o que inclui a possibilidade de apuração de denúncias de assédio moral encaminhadas pelos sindicatos. O programa vem sendo debatido desde 2006, mas permanece com uma série de pendências em razão da intransigência dos bancos. Metas abusivas Os negociadores da Fenaban também rejeitaram as propostas dos bancários para acabar com as metas abusivas, entre elas o fim do ranking individual de vendas de produtos e o fim das metas para os caixas. O Comando Nacional reafirmou aos representantes dos bancos que o problema a ser solucionado não é a existência de metas, mas a forma como essas metas são instituídas e cobradas dos trabalhadores, o que tem sido o principal fator gerador do assédio moral e de adoecimento dos bancários. Outras reivindicações de saúde Os representantes dos banqueiros recusaram ainda uma série de outras reivindicações, como por exemplo a manutenção de salários e a isonomia de direitos para quem está afastado por licença-saúde (cesta-alimentação, tíquete-refeição e PLR). Os bancos também negaram a concessão de abono de falta aos bancários com deficiência para o reparo de aparelhos que precisam usar. Segurança bancária A Fenaban negou o atendimento das principais reivindicações que tratam de segurança, como a proibição ao transporte de numerário e à guardas das chaves pelos bancários. Também negaram o adicional de risco de vida de 30% para quem trabalha em agências, postos e tesouraria e que está sendo conquistado pelos vigilantes em acordos coletivos e em votações de projetos de lei no Congresso Nacional. Os bancos se recusaram ainda a garantir medidas preventivas contra assaltos, como a colocação de portas giratórias em todas as agências e postos, câmeras de filmagem com monitoramento em tempo real e outros equipamentos. "Denunciamos a irresponsabilidade do Itaú Unibanco, que está retirando portas de segurança em cidades onde não existe legislação municipal que obriga sua instalação, e do Banco do Brasil, que está fazendo um projeto-piloto de retirada dessas portes em várias cidades do país", destaca Carlos Cordeiro. Em relação à assistência às vítimas de assaltos, seqüestros e extorsões, os bancos se limitaram a garantir atendimento médico ou psicológico no local da ocorrência. Não asseguraram tratamento psicológico, nem aceitaram o fechamento da agência ou posto no dia do assalto, muito menos o acompanhamento de um advogado do banco na identificação de suspeitos na polícia. Além disso, os banqueiros foram contrários à estabilidade provisória de 36 meses para as vítimas de assaltos e sequestros. Os negociadores dos banqueiros aceitaram a emissão obrigatória do Boletim de Ocorrência (BO) na polícia para os casos de assaltos, consumados ou não, e sequestros. Também concordaram em fornecer estatísticas semestrais de assaltos a bancos em âmbito nacional. Essas medidas haviam sido discutidas na Mesa Temática de Segurança Bancária. "É preciso que os bancos avancem nas propostas para combater a insegurança, a fim de proteger a vida de bancários, vigilantes e clientes. No primeiro semestre deste ano, 11 pessoas foram mortas em assaltos envolvendo bancos no País. No mesmo período, os bancos foram multados em R$ 4,6 milhões pela Polícia Federal em razão do descumprimento das leis e normas de segurança. Gastar em segurança não é custo e sim investimento na vida das pessoas, o maior patrimônio que existe", reforça o presidente da Contraf-CUT. Fonte: Contraf-CUT e SEEB Dourados