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1 de Janeiro de 2001 às 22:59

Cadastro levará empréstimos para todos

A adoção de um cadastro positivo de crédito, que sugere a transformação de um sistema de informações negativas para um completo banco de dados sobre a vida econômica dos consumidores, é visto por especialistas como forma de alavancar substancialmente o índice de crédito concedido, baixar taxas de juros, reduzir a pobreza e promover melhor distribuição de renda no Brasil.

As conclusões são de um estudo desenvolvido pelo Centro para Crédito Competitivo (Center for Competitive Credit), do Conselho de Pesquisas Políticas e Econômicas (Political & Economic Research Council - PERC) dos Estados Unidos. O mecanismo pode ser considerado uma "mina de ouro" para diversos setores da economia e também para os consumidores. Uma das conseqüências mais importantes da sua adoção é tornar o acesso aos empréstimos mais justo e equilibrado.

Outro aspecto benéfico é apresentar informações positivas sobre pessoas que, de outra forma, poderiam ser alvos de discriminação, como a população de baixa renda, mulheres, minorias raciais e jovens. O estudo levou em conta pesquisas realizadas em diversos países que confirmam os benefícios macro-econômicos de sua adoção. Entre os dados positivos estão: níveis maiores de desenvolvimento, aumento de produtividade e crescimento mais rápido da disponibilidade de capitais. As estimativas indicam que um aumento de 30% nos empréstimos leva a um aumento de 1% no índice de crescimento anual do PIB.

Uma simulação feita na pesquisa - com dados sobre crédito em países da América Latina, Estados Unidos e Japão - revelou que tanto os consumidores como as economias se beneficiam com um sistema de informações completa sobre crédito. Por exemplo, quando quem concede o empréstimo tem condições de avaliar tanto informações positivas como negativas, as instituições financeiras podem duplicar o número de pessoas às quais emprestam com segurança.

Mesmo em uma economia avançada como a do Japão, o estudo mostra que a transição para o um sistema completo de crédito (que adote informações positivas e negativas) pode levar a um aumento de 20% nos empréstimos do setor privado e a uma alta de 0,67 pontos percentuais no índice de crescimento do PIB.

"A inclusão de informações positivas nos relatórios sobre crédito não apenas leva mais empréstimos para todos. Ela também conduz a um aumento nos empréstimos para grupos que tradicionalmente não têm acesso a crédito, como pessoas de baixa renda e membros de minorias, incluindo a grande população de mulatos e mestiços que constituem 40% dos habitantes do Brasil", afirma Robin Varghese, membro sênior do PERC e co-autor do trabalho.

“Nos Estados Unidos, conforme o crédito passou a se basear em informações mais positivas e completas, descobrimos que grupos de baixa renda e minorias raciais eram responsáveis por uma larga parcela do crescimento nos negócios. Na Colômbia, descobrimos que a inclusão de dados positivos aumentou o acesso das mulheres ao crédito até a quase igualdade, com 50%-50%, saindo de uma situação na qual dois terços dos empréstimos eram feitos a homens”, acrescenta o especialista.

Para Michael Turner, presidente do PERC e co-autor do trabalho, o uso ao mesmo tempo de informações positivas e negativas significa empréstimos feitos de maneira mais inteligente. “Empréstimos concedidos desta forma significam queda nos índices de inadimplência. O mesmo acontece com as taxas médias dos juros cobrados, porque os tomadores de empréstimos com riscos menores deixam de subvencionar os de maior risco, na mesma proporção", diz.

O estudo sugere que a introdução do sistema de informações completas pode, em cálculos conservadores, aumentar os empréstimos do setor privado em mais de 45% do PIB. No caso do Brasil, onde cerca de 55% dos brasileiros têm cadastro nas organizações privadas sobre crédito, se as informações positivas também fossem relatadas e passassem a ser consideradas nas análises das instituições financeiras, seria possível um aumento nos empréstimos do setor privado de 25% do PIB. Dessa forma, o PIB brasileiro cresceria 0,83% a mais.

Outra vantagem é dar uma visão mais completa sobre a situação do crédito do candidato, como as linhas de crédito das quais já é possuidor e seus limites de crédito em outras organizações. “Aproximadamente 60% dos brasileiros que vivem em áreas urbanas não têm conta em banco", diz Turner. “Uma vasta maioria desse grupo, mais do que dois em cada três, quer ter conta em banco, pela segurança que oferece, e acesso ao crédito, para obter recursos e ter melhor qualidade de vida", conclui.

Heloisa Valente / Partner Consultoria




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