Barroso diz sentir vergonha da 'desigualdade abissal': "seis pessoas têm a riqueza de metade da população" (vídeo)
"Tem alguma coisa errada nesse modelo, que nós precisamos enfrentar", afirmou o presidente do Supremo Tribunal Federal
Durante uma participação em um evento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nesta segunda-feira (23), o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou a desigualdade social brasileira e afirmou que "é preciso enfrentar o atual modelo" vigente no país.
"Ainda temos problemas dramáticos de uma desigualdade abissal que nos envergonha. Segundo a Oxfam [Comitê de Oxford para o Alívio da Fome], as seis pessoas mais ricas do Brasil têm a riqueza de metade da população brasileira. Tem alguma coisa errada nesse modelo, que nós precisamos enfrentar", declarou o ministro.
Barroso também citou a falta de segurança vivida pela população brasileira como um tema urgente: "temos também índices de violência urbana e rural que superam a violência dos países em guerra e nós precisamos enfrentar". Assista o vídeo aqui.
Enquanto isso ainda convivemos com o trabalho análogo a escravidão
A situação do trabalho escravo contemporâneo no Brasil exige a atenção de todos os setores da sociedade. O resgate de um grande número de trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão nos últimos anos é reflexo da persistência do problema e da necessidade de ação enérgica para combatê-lo.
Segundo o MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), de janeiro a outubro deste ano, 2.592 pessoas foram resgatadas em condição análogas à escravidão. É o maior número dos últimos 10 anos.
Os números acumulados desde 1995 são chocantes. Mais de 61.000 pessoas foram encontradas escravizadas no Brasil. A maioria dos trabalhadores estava envolvida em atividades agrícolas, como café e cana de açúcar.
O trabalho escravo doméstico é uma faceta muitas vezes ignorada. Entre 2021 e 2022, houve aumento nas ocorrências de exploração, com 31 casos registrados. Embora numericamente menor, a forma de exploração merece atenção, pois afeta principalmente mulheres. As trabalhadoras domésticas muitas vezes não denunciam as condições por causa das relações aparentemente familiares que têm com empregadores.
Grande parte do trabalho escravo ocorre em setores fortemente ligados à exploração de mão de obra barata, que é um meio que o sistema ultraliberal usa para maximizar os lucros e manter vantagem competitiva. Por isto, é fundamental destacar que o uso da carência e da necessidade do trabalhador em prol do poder empresarial é prática antiética e inaceitável.
Fonte: Portal de notícias Brasil247 e Seeb-Bahia