BANCOS ACUSADOS DE RACISMO
Uma investigação feita pelo MPT (Ministério Público do Trabalho) em bancos privados de Brasília demonstra que a composição étnica dos trabalhadores destas instituições não corresponde à realidade da população brasileira. O estudo, baseado no cruzamento de dados da PEA (População Economicamente Ativa) com informações dos quadros de funcionários, comprovam que há casos de trabalhadores negros com qualificação acadêmica igual à de brancos, mas com salários inferiores e menos chances de ascensão interna. Outro dado que revela a discriminação é que os trabalhadores pardos e negros são minoria no setor bancário. O MPT, que criou o Programa de Oportunidade no Mercado de Trabalho informou que irá processar essas instituições. O problema já vinha sendo constatado desde 2001 por estudos do Observatório Social. Além dos estudos, o Observatório participou de uma oficina de aperfeiçoamento do Programa de Oportunidade, o que contribuiu para aprimorar a abordagem dos procuradores junto ao segmento dos bancários. O levantamento, realizado também em outros estados, como o de São Paulo, nos bancos ABN Amro, HSBC, Bradesco e Itaú, revela que 72% dos 64.750 trabalhadores são brancos e apenas 28% são negros. O cargo de chefia de um funcionário branco de um dos bancos investigados oferece um salário de R$ 8.878,00 e R$ 6.020,00 ao funcionário negro, para o exercício da mesma função. A investigação do MPT foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, que também ouviu as instituições pesquisadas. Elas apresentaram ao jornal os seguintes argumentos: o Banco Real ABN Amro informou, em nota, que tem uma equipe interna para selecionar e recrutar profissionais dentro dos principais blocos de diversidade, mas que a ampliação de funcionários negros no quadro é lento devido a razões históricas e culturais, que exigem planejamento e aliança. O ABN tem 28 mil funcionários e 11% de trabalhadores negros. O HSBC argumentou o baixo número de trabalhadores negros é um reflexo da situação da sociedade brasileira e que há poucos profissionais negros que atendem à qualificação que procuram e que os dados fornecidos pelo banco estavam desatualizados. O Itaú afirmou que 6% de sua força de trabalho é composta por negros, mas que esse número tende a aumentar, pois foi criado um comitê interno para monitorar os avanços de diversidade. O banco também destacou que iniciou um programa de estágio para jovens estudantes negros. O Bradesco não se justificou porque não tem negros em cargos de diretoria. Fonte:CNBCUT Laudelino V. Santos - Sec. Geral SeebDdos