Banco é o setor mais privilegiado no Brasil
O Itaú anunciou, semana passada, lucro de R$ 8,47 bilhões, o maior da história dos bancos no Brasil. O resultado revela um crescimento quase 100% superior em relação a 2006. O banco superou o Bradesco, que há duas semanas havia anunciado lucratividade de R$ 8 bilhões em 2007. Segundo o professor de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Reinaldo Gonçalves, os bancos no Brasil possuem uma taxa de rentabilidade bem superior do que a média observada no resto do mundo. “Os bancos no Brasil têm tarifas muito elevadas e, em segundo lugar, têm uma taxa de intermediação elevadíssima”, afirma. Segundo ele, o Brasil tem um dos maiores spreads (diferença entre o que os bancos gastam para captar recursos e o que pagam para emprestá-los) do mundo. Outro fator que beneficia os bancos no Brasil, de acordo com o professor, são as taxas de juros utilizadas pelo governo federal para negociar títulos públicos. A elevada rentabilidade do setor financeiro - em comparação, por exemplo, com os ganhos no setor produtivo - gera efeitos negativos, como a concentração de riqueza e um pífio crescimento econômico. “Os juros dos empréstimos muito caros e o fato de os bancos no Brasil, de modo geral, não fazerem empréstimos de longo prazo, desestimulam o crescimento econômico, são os principais inimigos do crescimento brasileiro, portanto, da geração de emprego”, avalia o professor. Ele criticou o acordo firmado pelo governo, que permite aos bancos ajustar as tarifas a cada seis meses, enquanto os trabalhadores, quando muito, têm reajuste anual.