Bancários protestam contra trabalho aos sábados no Santander

Bancários em várias partes do país fizeram no dia 4 de maio, um protesto contra o funcionamento de agências do Santander nos finais de semana. O banco Santander criou um subterfúgio para tentar burlar a legislação trabalhista e convocou em todo o país bancários para serviço “voluntário”. O banco espanhol obriga seus funcionários a trabalharem com a absurda alegação de que se trata de “trabalho voluntário” e assim descumprir a jornada da categoria, que é de segunda a sexta-feira prevista em Convenção Coletiva de Trabalho, o Santander expõe seus empregados a um trabalho sem remuneração e nenhuma proteção e direito trabalhista.
Ao todo foram 29 agências que abriram no sábado dia 4 de maio, porém o movimento sindical deixou claro que não vai aceitar este desrespeito com os direitos dos trabalhadores. A manifestação dos bancários foi em nível nacional. O Sindicato não descarta a possibilidade de denunciar a ilegalidade ao Ministério Público do Trabalho.
O presidente do Santander Brasil, Sergio Rial, divulgou um vídeo em março deste ano, exaltando a importância de os bancários atuarem como “educadores” financeiros. A certa altura do vídeo, Rial fala dos juros: “Sabemos também que juros baixos não são mais importantes, de forma alguma, do que o suor, determinação, técnica, caráter”.
Traduzindo: Rial acha que pode explorar o trabalhador sem precisar reduzir juro e ampliar a chance de os bancários fazer negócio. “Está claro que o Santander quer criar uma habitualidade. E usa o voluntariado para motivar os bancários. Os bancários já educam os clientes quanto a importância de pensar nas finanças e fazer os melhores investimentos durante toda a semana de trabalho legal”, ponderou o diretor de Saúde, da Contraf-CUT, e funcionário do Santander, Mauro Salles.
A prova mais cabal de que o Santander usa a educação financeira como pretexto para forçar uma habitualidade já tem número na Câmara dos Deputados. O Projeto de Lei 1043 foi apresentado pelo deputado federal David Soares (DEM-SP), em 20 de fevereiro deste ano na Sala de Sessões da Câmara dos Deputados que quer impor trabalho bancário aos sábados e domingos. O projeto recém tramita, mas como tantos outros que atacam os direitos dos trabalhadores, pode ser acelerado a qualquer momento.
O que o Santander está fazendo é pressionar os bancários, que já sofrem com pressão por meta abusiva e adoecimento, a impor uma nova legislação. A reforma trabalhista que passou a vigorar em novembro de 2017, a terceirização e agora a reforma da Previdência fazem parte de um contexto de retirada de direitos dos trabalhadores.
Não é a primeira vez que um Projeto de Lei tramita na Câmara dos Deputados Federais para tentar impor trabalho aos sábados aos bancários. O PL 9075/2017 também percorreu caminho semelhante em 2017. Mas foi encerrado em janeiro deste ano e arquivado. Graças à pressão doas confederações, federações e sindicatos dos bancários.