Aumento Salarial é vadiagem diz governador do MS
O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB) demonstrou o descaso e a falta de respeito com os professores do Estado ao declarar na sexta-feira(21), em rede nacional à Rede e a Agência Brasil que o aumento do tempo de planejamento de aulas para 1/3 da carga horária de trabalho do professor é para “vadiagem”. Puccinelli é um dos cinco governadores que assinou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) número 4167 contra a Lei Federal 11.738 que instituiu o Piso salarial dos professores. A íntegra da entrevista foi publicada pela Agência Brasil, e levada ao ar pela Rede Brasil de Televisão. Na ocasião Puccinelli ainda reforçou a qualificação de “vadios”, atribuída aos professores, com outras declarações. Ele argumentou ser demasiado o tempo para o planejamento (de um terço da carga horária), previsto pela Lei Federal 11.738, apelando para uma situação própria da área médica. “Eu fui cirurgião de trauma. Aí um doido te atropela, foge, você está sangrando e entra em choque. Eu vou planejar 13 horas como fazer a cirurgia?”, questionou. “Não tem necessidade de aumentar horas de planejamento e diminuir o essencial, que é ensinar o aluno. O que precisa é dar aula para a gurizada”, completou o governador. Puccinelli também subestimou a importância das horas para o planejamento, afirmando que os professores, com a ajuda da tecnologia, já não precisam despender muito tempo para preparar aulas. “Há 30 anos atrás quando não tinha internet, não tinha Google [site de buscas], não tinha tanta modernidade, os professores planejavam e tinham que pesquisar em livros. Hoje você entra no Google e o professor de Geografia passa a aula com maior tranqüilidade”, disse. No fim da entrevista o governador comentou sobre a possibilidade de greve dos professores, caso não seja implementado o novo piso, conforme previsto em lei, Puccinelli ressaltou não acreditar nisso e contou ter feito até uma provocação, em tom de brincadeira, a amigos do magistério: “Pela intimidade que eu tenho com eles, eu disse: vocês não vão ficar com horas a mais de vadiagem, vão ficar só com dez horas de planejamento/ vadiagem”. Para o presidente da FETEMS professor Jaime Teixeira as declarações do governador são levianas. “Ele foi leviano em rede nacional quando disse que os professores querem mais tempo para vadiagem. Além de leviano, ele mostrou que não conhece a realidade da educação”, afirmou. Para o professor Jaime, o governador tratou de maneira jocosa um tema primordial para o desenvolvimento do Estado e dos filhos dos cidadãos sul-mato-grossenses. O professor lembra ainda a recente viagem de dez dias de Puccinelli a Itália, paga pelos contribuintes. “Da mesma forma que ele André Puccinelli acha que o planejamento é vadiagem, quem é leigo pode achar também que a viagem que ele fez para a Itália é vadiagem”, argumenta. A FETEMS volta a debater com o governo as questões ligadas ao Piso Salarial no dia 28 deste mês. Uma das pautas do encontro é a estimativa do impacto, para os cofres do Estado, da aplicação da Lei 11.738.