Caixa Federal

15 de Fevereiro de 2019 às 13:13

Artigo: Caixa- de boas intenções o inferno está cheio

O acordo judicial sobre os aprovados no concurso de 2014 que o presidente da Caixa ensaia com o MPT vai mesmo ampliar o número de empregados do banco?

Pedro Guimarães assumiu a presidência da Caixa há um mês fazendo reverberar discurso alinhadíssimo ao ministro da economia Paulo Guedes, a quem se refere como “meu chefe”. Inventou um prazo de vencimento para os R$ 40 bilhões em Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCD) da União para a Caixa, como forma de justificar a venda de participações de subsidiárias do banco: seguros, cartões, asset e loterias. Os IHCD, além de constituírem operação legítima entre as partes, têm cláusula de perpetuidade, de forma que dizer que a Caixa deverá quitá-los em quatro anos não encontra amparo a não ser na óbvia tentativa de construir uma narrativa capaz de justificar o fatiamento e enfraquecimento da Caixa, fato que deve ser alvo de denúncia ao Ministério Público e de ações judiciais para que seja preservada a saúde financeira da Caixa e os interesses da sociedade brasileira.

A disposição que a presidência da Caixa agora demonstra para firmar acordo com o MPT em relação às ações judiciais contra o banco que questionam tanto a não contratação dos aprovados quanto o não cumprimento das cotas para as Pessoas com Deficiência (PcD), a princípio, destoa da política do chefe do presidente. Mas pode ter como questão de fundo um forte ataque aos direitos dos empregados.

A decisão judicial favorável aos aprovados no concurso de 2014 manda postergar a validade do concurso até o trânsito em julgado da decisão, condenar a Caixa a apresentar estudo de dimensionamento do quadro de pessoal e promover a contratação de pelo menos 2 mil novos empregados, considerando-se o total de trabalhadores na época da confecção da cláusula 50 do ACT 2014/2015.

A presidência da Caixa já deu a senha do que irá balizar o acordo: os limites impostos pela Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST). Em 08 de janeiro a SEST publicou no Diário Oficial a Portaria nº 219 estabelecendo o limite de 90.000 empregados para a Caixa. Hoje com 84.952 empregados, é bem provável que a Caixa consiga acordar um número de contratações próximo ao mínimo de 2 mil estipulado na decisão judicial, especialmente se propuser percentuais interessantes de PcD.

Ora, no final de janeiro o Estadão publicou que Pedro Guimarães estaria estudando um novo PDE para 2019, podendo atingir até 10 mil empregados. O público-alvo seriam os contratados em 1989, que hoje representam quase 28% dos empregados e estão completando 30 anos de trabalho. Então, a disposição em fazer um acordo para algumas contratações agora tem no horizonte de curto prazo da presidência a diminuição aguda do quadro de empregados via demissões voluntárias ou aposentadorias.

Para a Caixa, a grande vantagem em fazer o acordo das contratações dos aprovados de 2014 é encerrar a questão judicial e, por consequência, “fechar” o concurso de 2014. Isso possibilitaria ao banco chamar um novo concurso, mas com o edital contemplando as resoluções 23 e 25 da CGPAR, ou seja, excluindo a possibilidade de participação no Saúde Caixa e na Funcef. Em 2018, vale lembrar, o Banco do Brasil fez exatamente isso em relação à Cassi. Na época da publicação do edital do Banco do Brasil, ainda não havia a resolução 25 da CGPAR.

Não há dúvidas que é necessário e urgente que a Caixa contrate mais empregados. Os sucessivos programas de demissão aplicados desde 2015 promoveram uma redução do quadro de pessoal da ordem de 16%. O impacto é brutal e evidente, tanto na capacidade de atendimento quanto na saúde dos empregados. O irresponsável corte de pessoal submete os empregados da Caixa a descabida pressão no trabalho, o que cada vez mais se converte em situações de sofrimento contínuo, com quadros de depressão, angústia, pânico, além de doenças físicas, como problemas de coluna e cardiovasculares, associados ao trabalho.

No entanto, é preciso que os sindicatos e as entidades representativas dos empregados sejam ouvidos pelo MPT a fim de evitar que o desfecho da justa reivindicação dos aprovados em 2014 seja utilizado como engodo para facilitar a criação de uma nova “classe” de empregados, com menos direitos do que os atuais. Além disso, é preciso intensificar junto aos empregados da Caixa a mobilização contra as resoluções 23 e 25 da CGPAR, haja vista que ambas trazem ataques sérios ao Saúde Caixa e à Funcef, podendo mesmo inviabilizá-los financeiramente com a proibição de novos participantes.

Caroline Heidner

Empregada da Caixa e diretora do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre

 



Diretoria

Edson Claudio Rigoni
Secretario Geral
Wagner Katsumi Takahachi
Suplente
Klinger Guimarães Ghinozzi
Suplente
Benilson de Lazari
Suplente

Sindicato dos Bancários de Dourados e Região - MS

Rua Olinda Pires de Almeida, 2450 Telefone 0xx67 - 3422 4884