Trabalhadores intensificam denúncia contra o Santander em jornada internacional de luta

Campanha destaca demissões, fechamento de agências, terceirização e práticas antissindicais promovidas pelo banco espanhol
Nesta quinta-feira (26), bancárias e bancários de todo o país realizaram a Jornada Internacional de Luta contra o Santander, com ações em agências e nas redes sociais, para denunciar as violações de direitos trabalhistas promovidas pelo banco. A mobilização marca também o lançamento de uma nova fase da campanha nacional contra a precarização do trabalho e o desrespeito sistemático à categoria.
Organizada pelo Comando Nacional dos Bancários, a campanha tem como foco a luta contra o fechamento de agências, as demissões em massa, a terceirização irregular, a precarização do atendimento e dos serviços bancários e das condições de trabalho, além das práticas antissindicais adotadas pelo Santander.
“Estamos denunciando não só a violação de direitos, mas também um modelo de gestão que sacrifica os trabalhadores em nome do lucro. Enquanto o Santander demite, terceiriza e fecha agências, o banco anuncia lucros bilionários às custas da sobrecarga e da retirada de direitos da categoria bancária”, afirma Wanessa de Queiroz, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander.
Terceirização que exclui direitos
Desde 2019, o Santander vem promovendo uma terceirização considerada fraudulenta por entidades sindicais. O banco transfere bancários para empresas do próprio conglomerado — como F1RST, SX Tools, Prospera e SX Negócios — com CNPJs diferentes, quebrando a unidade da categoria e retirando esses trabalhadores da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários e os alocando em categorias com CCT com menos direitos.
Com isso, deixam de ter acesso a direitos históricos como a Participação nos Lucros e Resultados (PLR), vale-alimentação e vale-refeição que somam mais de R$ 1.900, auxílio-creche/babá de R$ 659,67, entre outros benefícios. Hoje, apenas 54% dos trabalhadores do grupo Santander possuem vínculo direto com o banco.
Menos agências, mais lucro — e mais sobrecarga
Nos últimos 12 meses, o número de clientes do Santander aumentou 4,9%, enquanto o número de trabalhadores praticamente não se alterou (crescimento de apenas 0,2%). O resultado é uma sobrecarga direta: a relação passou de 1.192 clientes por trabalhador para 1.278.
Nesse mesmo período, o banco fechou 299 agências e 184 Postos de Atendimento Bancário (PABs). Mesmo assim, o lucro líquido gerencial do Santander no 1º trimestre de 2025 atingiu R$ 3,861 bilhões, alta de 27,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Impacto sobre as mulheres
Segundo dados do Banco Central e do Relatório de Transparência Salarial e de Critérios Remuneratórios do governo federal, o processo de reestruturação do Santander impacta de forma ainda mais grave as mulheres. Antes, elas representavam 59% da força de trabalho do banco no Brasil. Agora, são apenas 43% do grupo. A redução dos postos de trabalho, portanto, tem recorte de gênero e evidencia mais um aspecto da desigualdade promovida pela gestão do banco.
“A mobilização desta quinta reforça o alerta das entidades sindicais sobre o caminho adotado pelo banco espanhol no Brasil, que visa aumentar seu lucro às custas da exploração, da precarização e do desmonte dos direitos dos trabalhadores”, finalizou Wanessa.
Fonte: Contraf-CUT