Santander usa aplicativo imoral para assediar funcionários
O tratamento desumano no Santander só piora. Apesar de lucrar bilhões todos os anos, no primeiro semestre foram R$ 4,6 bilhões, a empresa continua a desrespeitar os trabalhadores. Denúncias chegadas a vários sindicatos da categoria bancária dão conta de que o banco lançou, através de um aplicativo, um jogo para todos os bancários e até estagiários, com a finalidade de fiscalizá-los e assediá-los no cumprimento de funções gerenciais.
Oficialmente, o aplicativo Bravi Quiz faz parte de uma campanha do Santander para incentivar os bancários não especializados a atenderem clientes de pessoas jurídicas, uma vez que os gerentes da função estão em visitas fora das unidades. Mas, na prática, promove o ‘desvio de função’, além de constranger os funcionários, porque os obriga a baixar o jogo e utilizá-lo fora da jornada de trabalho.
No aplicativo, onde pode ser vista a hashtag #TodomundoatendePJ, os bancários respondem a perguntas sobre como realizar o atendimento a este tipo de cliente, gerando para si uma determinada pontuação. Seus nomes passam a ser expostos em um ranking geral, já que para entrar no aplicativo é preciso estar vinculado ao Facebook ou ao Gmail pessoal.
As reclamações chegadas ao Sindicato de Alagoas apontam que gestores, a exemplo de gerentes administrativos e regional, estão cobrando dos trabalhadores que baixem o jogo. Nesta quinta-feira (21), foi publicado por uma gerência o ranking dos coordenadores. Todo dia o pessoal tem que acessar e jogar, porque o banco fica monitorando os acessos. “A regional fica incentivando o desafio pra quem faz mais pontos. O aplicativo fica ligado o dia todo e a galera tá jogando antes, durante e depois do expediente”, disse um dos funcionários.
Além de obrigar os funcionários a baixar e jogar no aplicativo, os gestores incentivam a disputa, dizendo que os mais pontuados precisam ser ultrapassados. Ou seja, estabelecem disfarçadamente metas, promovendo uma competição entre os bancários. “Isso tá atrapalhando o serviço na agência. Tem colegas que ficam loucos. O banco quer, discretamente, que você viva pra ele”, disse outra funcionária.
O movimento sindical já entrou em contato com o banco para protestar e exigir providências. Também estudam formas jurídicas de enfrentar a situação, inclusive com denúncias ao Ministério Público.