Santander se alinha ao governo Bolsonaro e transforma bancários em terceirizados reduzindo salários e direitos
O banco espanhol Santander continua agindo como um colonizador. Não satisfeito em demitir em massa, fechar agências e aumentar os juros e as tarifas cobrados aos clientes, vem passando os bancários para empresas terceirizadas cortando salários e direitos. Como se já não bastassem as terceirizações através da empresa ‘SXNegócios’, ‘First’ e ‘Prospera’, agora o banco anuncia que vai migrar bancários do setor de assessoria financeira para a Corretora Santander.
Em reunião nesta quarta-feira com o banco estrangeiro a Comissão de Organização dos Empregados (COE) questionou mais este ataque à categoria. Novamente sem qualquer diálogo com o movimento sindical o Santander anunciou mais esta terceirização disfarçada. Alegou ‘mudança de visão e de estratégia de negócios, descentralização e foco em atividades especializadas’.
“Na verdade, trata-se de precarização do trabalho, pois como nas demais situações os funcionários terão reduzidos todos os seus direitos: salários, vales alimentação e refeição, PLR todos rebaixados em relação à categoria bancária. Sem falar em jornada de trabalho e outros”, denunciou Marcos Vicente, diretor do Sindicato dos bancários do Rio de Janeiro e membro da COE, que participou do encontro com o Santander.
Alinhado com o golpe de 2016
“Precisamos nos manter unidos. Busquem orientação do Sindicato. Nesse ano teremos eleições gerais. Votem em quem te representa, te defende e é alinhado com os anseios da classe trabalhadora. É a única forma de recuperarmos nossos direitos”, frisou. Para o dirigente o banco espanhol vem tendo práticas totalmente alinhadas aos governos pós-golpe, numa referência à derrubada da presidenta Dilma Roussef, em 2016, seguida da posse do seu vice Michel Temer, da condenação sem provas do ex-presidente Lula, o que permitiu a eleição de Bolsonaro.
“O Santander se utiliza da liberação da terceirização pela reforma trabalhista do governo Temer e das medidas complementares de corte de direitos do atual desgoverno Bolsonaro. Lembramos ainda que o Santander foi um grande defensor da reforma da previdência, porém o seu presidente anterior correu para garantir a sua antes da homologação´”, afirmou. Ele se referia a Sérgio Rial, árduo defensor do corte de direitos previdenciários, mas que espertamente se aposentou aos 58 anos, pouco antes da aprovação da reforma, que o impediria de pedir a aposentadoria com esta idade.
Perda da defesa do Sindicato
Outro objetivo torpe da terceirização é fragilizar os bancários que ao passar a terceirizados, deixam de contar com a defesa de sindicatos fortes. “Entendemos que o fatiamento da categoria é na verdade mais um alinhamento com o desgoverno, pois retira desses trabalhadores a proteção de um Sindicato forte e das entidades estaduais como as federações e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT)”, disse.
Demitindo em massa no Brasil, fechando agências e explorando os clientes, o Santander viu seu lucro atingir aqui R$ 4,005 bilhões no primeiro trimestre de 2022. O resultado representa alta de 1,3% em relação ao mesmo período de 2021, e de 3,2% em relação ao quarto trimestre de 2021.
Marcos Vicente lembrou que anualmente os bancários brasileiros têm sido responsáveis por uma média de 30% do lucro global do Santander. “Ainda assim somos cada vez mais massacrados e tratados como trabalhadores de terceiro mundo. Um alto índice de adoecimento na categoria se encontra justamente no Santander. A precarização do trabalho implantada pelo banco só aumentará os casos de afastamento por doença”, frisou.
Fonte: Seeb Rio de Janeiro