Pouca expectativa na negociação com o Banco do Brasil
Na primeira negociação com a Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil, realizada ontem em Brasília, a direção da instituição debateu os principais eixos da pauta. Mas, proposta que é bom, não apresentou. No centro das discussões, Plano de Carreira e Remuneração com aumento nas promoções por mérito e com inclusão de escriturários; piso para o PCR de um salário mínimo do Dieese (R$ 3.940,24 em junho) e o interstício na tabela de antiguidade de 6%, com mérito maior e para todos; fim da substituição, reclassificação da falta de greve; contratação de 5 mil funcionários; manutenção dos auxílios refeição e alimentação nas licenças saúde, paternidade e maternidade; melhorias nos planos de funções e pagamento de VCP (Verba de Caráter Pessoal) para os bancários de setores envolvidos em reestruturação.
De positivo na reunião desta terça-feira foi que o banco sugeriu aumentar volume de recursos para a Cassi e propôs contribuição extra de R$ 34 milhões por mês para a Caixa de Assistência dos Funcionários.
Plano de carreira e aumento no piso
Os bancários do BB apontaram ao banco a necessidade de se rever o atual interstício do plano de carreira, aumento do piso de ingresso e melhoria no valor da carreira de mérito, ampliando para todos os cargos, incluindo os escriturários.
Pagamento das substituições
Outro ponto debatido foi o retorno das substituições de comissionados. Em vários locais de trabalho tem acontecido constantes desvios de função, quando um funcionário faz o trabalho de um cargo superior sem receber a devida remuneração. A Comissão de Empresa defendeu que a ampliação das substituições, além de diminuir o passivo trabalhista, contribui muito no processo de formação dos funcionários.
Jornada de 6 horas para todos
Os bancários cobraram do banco a revisão do Plano de Funções do BB com melhoria nos valores das comissões, a mudança de cargos prejudicados pela implantação do plano atual, como os gerentes de relacionamento e gerentes de serviço e, ainda a negociação da jornada de 6 horas para todos, inclusive unidades estratégicas.
BB digital e reestruturações
O modelo de agência e atendimento digital foi amplamente debatido, com preocupação sobre a manutenção dos cargos, salários e condições de trabalho dos funcionários envolvidos na migração do modelo atual para o digital, além das condições de trabalho e respeito às normas regulamentadoras do ministério do trabalho. Juntamente com essa discussão, foi abordada a preocupação com as diversas reestruturações dentro do BB, sem garantias para os funcionários.
Os representantes dos funcionários reivindicam a criação de uma verba de caráter pessoal específica para proteção salarial nas reestruturações, o VCP-R.
Saúde dos bancários
No tema saúde do trabalhador e trabalhadora, os funcionários cobraram do BB uma atenção aos casos de adoecimento dentro da empresa, com destaque para os casos de doenças mentais, com muitas ocorrências ultimamente.Os funcionários cobraram do banco a continuidade das mesas temáticas de saúde e resolução de conflitos.
Auxílio alimentação e refeição para licenciados
Entre os itens da minuta referente a pauta das mulheres, foi cobrado do banco a continuidade dos auxílios alimentação e refeição durante todo o período de licença maternidade e outras licenças.
Mais contratações
Os representantes dos bancários reivindicaram em mesa a contratação de 5 mil funcionários, para repor o número de funcionários que se desligaram da empresa no PAI.
Fim do ato de gestão
Os representantes sindicais defenderam o fim do ato de gestão na empresa, que permite descomissionamentos arbitrários.
Licença paternidade de 20 dias
Foi reivindicada a aplicação da nova legislação que diz respeito à licença paternidade, ampliando para 20 dias esse direito.
Previ e Cassi para incorporados
Os bancários cobraram do BB o direito aos funcionários de bancos incorporados associarem-se à Cassi e Previ para os funcionários oriundos de bancos incorporados, além da possibilidade de aumento de contribuição desses trabalhadores para a previdência complementar com contrapartida patronal.
Utilização de folgas
Foi reivindicada melhoria na cláusula que regula a utilização de folgas adquiridas em dependências que funcionam em caráter ininterrupto, com aumento do tempo para utilização, que hoje é de duas semanas.
Critérios claros e objetivos de ascensão
Dando continuidade aos debates da mesa específica de ascensão, que aconteceu no primeiro semestre, os bancários cobraram a melhoria dos processos de ascensão interna, com mais objetividade e transparência nas seleções.
Proteção aos funcionários das carreiras técnicas em relação à ação do MPT
O Ministério Público do Trabalho (MPT) ingressou com ação para instituir concurso público para carreiras de nível superior no BB. A decisão da Justiça acatou argumento do MPT e ainda proferiu na decisão que os trabalhadores nas funções de advogados, engenheiros e analistas de TI deveriam ser descomissionados. Os representantes sindicais solicitaram reunião específica sobre o tema com o objetivo de atuação junto à Justiça para evitar os descomissionamentos.
“Além das reivindicações econômicas e sociais, há duas bandeiras que são estratégicas para nós do Banco do Brasil nessa conjuntura difícil que estamos vivendo. Uma é o estreitamento da unidade nacional da categoria entre bancários de bancos públicos e privados, o que passa pela manutenção da mesa única de negociação na Fenaban. A outra é a necessidade cada vez mais premente da importância da defesa do Banco do Brasil como banco público a serviço do desenvolvimento do país”, afirma Rafael Zanon, diretor do Sindicato e representante da Fetec-CUT/CN na Comissão de Empresa dos Funcionários.
Próxima reunião
Após os debates desta primeira rodada, os bancários cobram do BB respostas concretas sobre as reivindicações. Uma nova negociação foi agendada para o dia 30 de agosto em São Paulo, onde serão debatidas outras reivindicações além das respostas sobre os temas abordados na primeira rodada de negociação.