em meio a uma ampla reestruturação, o Bradesco segue recuperando seus resultados e teve um lucro anual em 2024 acima do esperado pelo mercado, com um resultado líquido de R$ 19,6 bilhões. 

O número representa uma alta de 20% em relação a 2023, ano que foi marcado pela mudança do CEO após uma série de resultados ruins, com aumento da inadimplência e perda da rentabilidade.

Por trás dos números 

No entanto, os lucros da segunda maior instituição privada do país e a melhora nos resultados têm custado muito caro para os funcionários e um desrespeito aos clientes e usuários. O banco fechou cerca de 1.300 postos de atendimento em todo o país, promovendo demissões e elevando a sobrecarga de trabalho dos bancários que ainda trabalham no banco. 

Em Dourados e região foram três agências fechadas e outras transformadas em Unidade de Negócio, onde não tem atndimento fisico de caixas e nem vigilantes.

O CEO do Bradesco, Marcelo Noronha comemorou os lucros, mas não comenta a situação difícil que os empregados do banco vivem. 

"Em 2025, aceleraremos em todas as frentes. Nosso escritório de transformação está a pleno vapor”, disse, em entrevista à grande imprensa. 

Demissões e assédio 

Para o presidente do Sindicato dos Bancários de Dourados, Janes Estigarribia, esse modelo de gestão de pessoas do banco, em função das dispensas e da pressão e assédio moral por metas que adoecem os trabalhadores, vai na contra-mão do que  a empresa prega. 

Um dado que tem chamado a atenção é o crescimento exponencial de bancários vítimas da Síndrome de Burnout, doença provocada pelo excesso de trabalho que causa estresse excessivo no trabalhador, caracterizada por um estado de exaustão física e emocional, que pode impactar em outras áreas da vida. E o pior: o banco nega a relação das doenças com as precárias condições de trabalho. 

Este ano vamos continuar realizando protestos nas agências para denunciar à opinião pública o que está por trás destes lucros bilionários. O Bradesco, como os demais bancos privados, fecha agências, demite e assedia trabalhadores e cria um clima de tensão nos locais de trabalho, pois os bancários hoje vão trabalhar com medo de serem os próximos a perderem o seu emprego, e uma sobrecarga de trabalho grande em função das metas. 

Cada agência fechada é um desrespeito com os clientes, que têm o direito de optar por um atendimento presencial, o que tem sido negado pelo banco, que constrange os consumidores a utilizarem os meios digitais. Os idosos ainda têm muita dificuldade no manuseio dos aplicativos das instituições financeiras. É uma desumanidade o que os bancos estão fazendo com a população e o Sindicato tem denunciado essa prática. 

PLR é conquista

No quarto trimestre de 2024, o lucro recorrente do Bradesco foi de R$ 5,402 bilhões, uma alta absurda de 87,7% em relação ao mesmo período de 2023.

O lucro é fruto do sacrifício e do trabalho da categoria, por isso lembramos sempre que a PLR não é uma benesse concedida pelos bancos, mas uma conquista da organização dos trabalhadores em seus sindicatos. 

A participação nos lucros foi conquistada pelos trabalhadores no Brasil em 1995 e a categoria bancária foi a primeira a garantir este direito em nível nacional através da negociação coletiva dos sindicatos com os bancos.

Por isso o movimento sindical, solicitou ao banco a antecipação do pagamento, já que o prazo é até 3 de março.