Bradesco lucra mais de R$ 14 bilhões e fecha 9.234 postos de trabalho
O Bradesco obteve um Lucro Líquido Ajustado de R$ 14,162 bilhões nos nove primeiros meses de 2017. O número representa um crescimento de 11,2%, em relação ao mesmo período de 2016 e de 2,3% no trimestre.
Em contrapartida, a holding encerrou setembro de 2017 com uma redução expressiva de 9.234 postos de trabalho em relação ao mesmo período no ano passado, apesar da incorporação, em setembro de 2016 dos trabalhadores banco HSBC, que tinha aproximadamente 20 mil trabalhadores. Atualmente, o quadro de funcionários conta com 100.622 empregados.
Juvandia Moreira, vice-presidenta da Contraf-CUT e funcionária do Bradesco, critica o fato desses altos números virem sem nenhuma contrapartida social e com redução no pagamento de impostos, manobra que vem sendo investigada pela Receita Federal. “Num momento de crise econômica, política e social, o sistema financeiro está nadando de braçada com lucros exorbitantes e sem nenhuma contrapartida para a sociedade. O Bradesco fechou quase 500 agências e eliminou mais de 9000 postos de trabalho. Isso nem está contabilizado todo PDVE, já que o balanço é até setembro e tem pessoas que ainda estão sendo desligadas. Vamos cobrar do banco reposição das vagas e promoção dos funcionários que ficaram executando a função dos que saíram.”
O banco anunciou em julho de 2017 um Plano de Desligamento Voluntário Especial (PDVE) e o saldo ainda pode cair mais até dezembro de 2017, tendo em vista que no plano há o prazo de até 180 para p efetivo desligamento. Foram fechadas 492 agências e abertos 6 novos postos de atendimento (PA).
O retorno sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado (ROE) ficou em 18,1%, com aumento de 1,9 p.p. em doze meses. Segundo o Banco, o lucro líquido ajustado do período é composto de 70,9% de atividades financeiras e 29,1% de atividades de seguros, previdência e capitalização.
A Carteira de Crédito do banco apresentou queda de 6,7% em doze meses e atingiu R$ 486,9 bilhões. No trimestre a queda foi de 1,4%. As operações com pessoas físicas (PF) cresceram 0,7% em relação a setembro de 2016, chegando a R$ 172,2 bilhões. Já as operações com pessoas jurídicas (PJ) alcançaram R$ 314,7 bilhões, com queda de 10,3% em um ano. Os produtos que apresentaram maior destaque para PF foram o crédito pessoal consignado (11,6%) e o financiamento imobiliário (5,0%). Para PJ, as principais quedas ocorreram na conta garantida (-28,7%) e nas operações no exterior (-22,8%). O Índice de Inadimplência superior a 90 dias apresentou redução de 0,6 p.p em doze meses, ficando em 4,8%. Já as despesas de provisão para devedores duvidosos (PDD) ampliaram-se em 9,7%, totalizando R$ 19,7 bilhões.
A receita com prestação de serviços mais tarifas bancárias cresceu 13,0% em doze meses, totalizando R$ 17,8 bilhões. Já as despesas de pessoal subiram 32,2%, em função, em parte da entrada dos funcionários oriundos do Banco HSBC, adquirido no segundo semestre de 2016, mas também pode ser em parte, reflexo do Plano de Desligamento Voluntário Especial (PDVE), atingindo R$ 16,4 bilhões. Assim, em setembro de 2017, a cobertura dessas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 123,7%.