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1 de Janeiro de 2001 às 22:59

copom volta a cortar os juros. selic cai para 19% ao ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu ontem, por unanimidade, intensificar o processo de afrouxamento da política de juros, baixando a taxa básica em 0,50 ponto percentual, de 19,5% para 19% ao ano. Foi o segundo corte seguido nos juros, que, em setembro, haviam sido reduzidos em 0,25 ponto. O BC não deu maiores explicações sobre a decisão. Limitou-se a reproduzir quase que literalmente a nota que havia sido divulgada no mês anterior: "Avaliando que a flexibilização da política monetária neste momento não compromete as conquistas obtidas no combate à inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 19% ao ano, sem viés". Maiores detalhes sobre as motivações do BC só serão conhecidos na semana que vem, com a divulgação da ata do encontro de ontem. No seu relatório de inflação de setembro, porém, o BC já havia dado indicações de que havia razoável espaço para cortes na taxa básica de juros. As projeções indicavam que, se a taxa Selic fosse mantida inalterada indefinidamente em 19,5% a inflação para 2006 seria de 3,5%, quase um ponto percentual baixo do centro da meta, fixado em 4,5%. Dada as defasagens entre as decisões de política monetária e seus efeitos na inflação, as decisões tomadas pelo Copom hoje visam mais ao controle da inflação em 2006 do que em 2005. Com mais esse corte na taxa básica, o Copom dá continuidade ao processo de distensão dos juros, que subiram de 16% para 19,75% ao ano entre setembro de 2004 e maio de 2005. Uma das principais justificativas apresentadas pelo Copom para apertar os juros foi um eventual descompasso entre a oferta e a demanda agregadas. No mês passado, o Copom comunicou em sua ata que, hoje, esse risco é bem menor. De um lado, os fortes investimentos ocorridos sobretudo em 2004 já estão maturando, aumentando a capacidade produtiva da economia. De outro, o crescimento se tornou menos vigoroso. O processo de elevação dos juros fez com que a projeção do BC para o crescimento da economia em 2005, que inicialmente era de 4%, fosse reduzido para 3,4%. A opção do BC por intensificar a redução da Selic está em linha com consenso dos grandes bancos. Os departamentos econômicos do Bradesco, do Itaú e do Real defendiam a queda de meio ponto. A decisão agradará o mercado. Luiz Octávio Indio da Costa, diretor-superintendente do Banco Cruzeiro do Sul, diz que ela é fruto de um consenso surgido entre o BC, os economistas de instituições e o mercado como um todo. "Embora esperada, a decisão será muito bem aceita pelo mercado. Se a opção fosse pela continuidade do ritmo de 0,25 ponto, haveria desconforto e mal-estar", diz ele. Costa acredita que o país não poderia perder mais tempo no processo de redução do juro. O consultor Miguel Daoud, da Global Financial Advisor, diz que o compasso de meio ponto irá permitir ao setor empresarial voltar a planejar os investimentos produtivos futuros, contribuindo para a ampliação da oferta de produtos e a redução da inflação. O economista-chefe da corretora Concórdia, Elson Teles, diz que o mercado deve entender a decisão de ontem do Copom como a definição de um ritmo constante para o declínio da Selic. A taxa básica cairá dorante meio ponto percentual em cada reunião até surgir algo muito grave. Ou seja, a Selic de encerramento do ano já está dada, será de 18%. Esta taxa final de 2005 também já era consenso de mercado. É a previsão que consta do último relatório Focus do BC. Para Teles, a sinalização desse compasso de baixa não criará problemas para o BC na área cambial. Mesmo que o dólar suba por causa da diminuição de rentabilidade das aplicações de estrangeiros, o efeito não será indesejável ao BC. Pelo contrário. Na opinião de Teles, o BC poderia estar desconfortável com retorno dos seus leilões de compra, mesmo porque eles tem um custo fiscal. "Se a queda da Selic contribuir para a volta do dólar ao patamar de R$ 2,30 e R$ 2,35, será uma circunstância do agrado do BC", observa Teles. As entidades do setor industrial se dividiram na avaliação do corte de meio ponto. Para Boris Tabacof, diretor do departamento de economia do Ciesp, indústria recebeu "sem alegria" a queda. "Mais uma vez o Copom preferiu o rigor à superação de suas convicções conservadoras. Nesse momento de tensão, provocada pelo forte risco de desorganização do setor do agronegócio, suspensão da MP do Bem, e a queda dos desembolsos do BNDES em setembro, o Copom poderia oferecer um estímulo importante ao setor industrial por meio de uma vigorosa queda da taxa de juros", diz. Já a Firjan, acredita que a contínua redução da Selic deverá garantir uma recuperação da atividade econômica nos próximos meses, depois da acomodação observada no terceiro trimestre".



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