O uso de dinheiro público na propaganda que mostra na tevê o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul como um centro de referência na saúde pública causa indignação entre pacientes e servidores que conhecem a realidade do local. Segundo informações de servidores, o comercial foi gravado há cerca de 15 dias pela produtora VCA, que também faz campanhas políticas para o governador, e mostra instalações novas e trabalhadores sorridentes e felizes. Segundo os sindicalistas e funcionários, é que a maioria das cenas foi feita pelo chamado "casting", atores normalmente usados na gravação de comerciais. Segundo eles, apenas dois personagens correspondem a profissionais do HR, um médico de CTI que aparece de costas e uma enfermeira. Para a presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem, Helena Delgado, o comercial "não corresponde à verdade, é maquiagem". "Se o nosso pessoal tivesse aparecido lá na propaganda, feliz da vida, nós saberíamos, mas não avisaram nada, e a maquiagem do hospital não corresponde à realidade. Outro dia faltava até álcool esterelizante. Foi pontual, mas aconteceu", garante a presidente. Dirigentes de base do Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social de Mato Grosso do Sul, que preferem não se identificar, têm a mesma opinião. Para eles, trata-se "de propaganda enganosa, porque todo mundo conhece a realidade do hospital, quem trabalha e quem usa", diz um diretor de base do HR. "O Regional vive lotado, eu vi o pessoal filmando faz uns quinze dias, mas não é o nosso pessoal que aparece na televisão", assegurou outro, em telefonema entre os dois sindicalistas na frente da reportagem. Número de leitos não confere com o Cadastro no SUS, Cnes Se os dados que aparecem na propaganda forem analisados com cuidado, é possível comparar o número de leitos informados no comercial, "Mais 90 novos leitos", ou aqueles informados pelo governador no dia de sua posse na Assembléia Legislativa, 331 leitos, com o número que é fornecido pelo Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES), um total de 209. A informação é de maio de 2011. Na prática, a diferença de 122 leitos é bastante O n° 209 na totalização de leitos é preenchido mensalmente pelos gestores do hospital, segundo a assessoria de Imprensa do Ministério da Saúde, em consulta aos técnicos do CNES, em Brasília. No caso do HR, os gestores são as secretarias de Saúde do Estado e a do Município. O HR é administrado pela Fundação de Saúde. (Confira nas telas extraídas do Cnes). No dia da posse, a fala do governador, textualmente, foi essa: "Foram executadas obras para a modernização das instalações do Hospital Rosa Pedrossian que, com 331 leitos, é o maior hospital público do Estado, atendendo 100% pelo SUS, hospital de ensino com referência em Alta Complexidade nas linhas de cuidado a pacientes críticos, materno-infantil, oncologia, cardiologia e cirurgia geral." Fonte: Midiamax Campo Grande, por Pio Redondo