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1 de Janeiro de 2001 às 22:59

Livros mostram impactos negativos de reestruturações no BB

Traumático para milhares de trabalhadores, o plano de reestruturação do Banco do Brasil, fundamentado principalmente no Programa de Desligamento Voluntário (PDV), acabou com a segurança no emprego no banco e transformou a imagem da instituição. O plano foi iniciado no governo Collor e intensificado nas duas gestões de Fernando Henrique Cardoso. Agora, mesmo diante de um governo democrático e popular, a direção do BB lança outro plano de reestruturação. Com o objetivo de dissecar o plano de reestruturação do banco, Francisco Ferreira Alexandre, bancário do BB e atual diretor de Administração da Previ, e Lea Carvalho Rodrigues, antropóloga e ex-bancária do BB, publicaram livros sobre o assunto. Lançado em 2002, “Reestruturação e o Fim da Segurança no Emprego do Banco do Brasil”, de Francisco Alexandre, apresenta os impactos do processo de reestruturação do BB ocorrido durante os mandatos de FHC, particularmente no nível de emprego, nas relações de trabalho e na trajetória profissional dos bancários. Alexandre também cita que quase 43 mil trabalhadores foram excluídos do banco que no passado era uma referência especial de segurança, estabilidade e de um lugar bom para se trabalhar. “Entre janeiro de 1995 e o final de 1996 houve o que pode ser considerada uma epidemia de suicídios no BB, pois mesmo com as características desgastantes que tem o serviço bancário, o banco nunca havia experimentado o número de casos como naquele período: 20 suicídios em menos de dois anos. O período foi marcado também pelo aumento das doenças psicossomáticas, distúrbios emocionais, doenças do coração e desagregação familiar”, diz o livro. Mudanças estruturais no BB se confundem com a história recente do país Em seu livro “Metáforas do Brasil – Demissões Voluntárias, Crise e Rupturas no Banco do Brasil”, lançado em 2004, Lea Rodrigues faz uma análise da reestruturação no banco e a relaciona com as transformações ocorridas no próprio país na década de 90. Lea, que trabalhou por quase 20 anos no BB, diz que ao longo de décadas a instituição financeira foi considerada símbolo de identidade nacional e sinônimo de segurança e ascensão profissional para os seus funcionários. “O plano de reestruturação do BB, que tinha por objetivos a redução de custo e a melhoria de resultados, para torná-lo mais competitivo, tinha claras motivações neoliberais e vinha acompanhado do argumento da modernização. Ocorre, porém, que esta modernização alterou a missão do banco. De uma instituição que tinha como metas a concretização de objetivos sociais e a promoção do desenvolvimento nacional, ela passou a atuar nos moldes de uma organização privada, voltada apenas para o lucro”, destaca a autora.



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