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31 de Janeiro de 2011 às 22:59

Juros ao consumidor sobem, crédito cai e ameaça o emprego e os salários

A advertência que a Contraf-CUT já fazia em dezembro último, sobre os riscos que os trabalhadores estavam correndo em razão das medidas de contenção do crédito e do aumento da taxa básica de juros (Selic), está infelizmente se confirmando. Como mostram os jornais desta quinta-feira 27, citando dados do Banco Central, as taxas de juros ao consumidor subiram 4,5% ao ano para as pessoas físicas nos primeiros 12 dias de janeiro, provocando uma redução média de 8% nas concessões de crédito. Para a Contraf-CUT, o aumento da Selic é ruim por vários motivos. "Em primeiro lugar, porque o crédito é um componente importante para o desenvolvimento econômico, que pressupõe crédito barato para gerar emprego e renda. O aumento da taxa Selic, portanto, diminui a busca por crédito e, consequentemente, os investimentos, o que coloca os salários e o emprego em risco", critica Carlos Cordeiro, presidente da Confederação. Em segundo lugar, a taxa Selic é um componente importante do lucro dos bancos e dos investidores. "A Selic representa um terço do lucro dos bancos. Ou seja, os recursos da União captados da população, em vez de serem investidos em moradia, educação, estradas e na geração de empregos, vai remunerar ainda mais o lucro dos bancos", acrescenta Carlos Cordeiro. "Por isso, a taxa Selic e o spread bancário, que as autoridades monetárias deveriam combater, são o grande programa de transferência de renda aos banqueiros e grandes rentistas." Nota Técnica divulgada pelo Dieese nesta quarta-feira 26 inclui outros efeitos nocivos indiretos decorrentes do aumento dos juros básicos: a elevação da dívida pública e a valorização do real. "O aumento da dívida obriga o governo federal a apertar o orçamento público com corte de gastos e/ou aumento de impostos para garantir um superávit das contas públicas", afirma o Dieese no documento. E a valorização da moeda nacional, alerta o Dieese, "amplia o risco de 'exportar' empregos, uma vez que as importações ficam mais baratas e as exportações mais caras". O crescimento dos juros e a redução do crédito tornam urgente a inclusão dessa discussão na agenda do movimento sindical, para contrabalançar a enorme capacidade de pressão dos fundamentalistas do livre mercado, que, como bem definiu em dezembro o Nobel de Economia Paul Krugman, "erraram sobre tudo" ao mergulhar a economia mundial na pior crise econômica em 70 anos, "mas agora dominam completamente a cena política". Inflação é localizada Contrariando os fatos, os profetas da ortodoxia neoliberal dominam o noticiário da grande imprensa e martelam diuturnamente a tese de que é necessário elevar os juros para conter a inflação. O Dieese desmonta com números essa tese catastrófica na Nota Técnica desta quinta-feira: "A elevação do patamar de inflação nos últimos meses de 2010 tem origem no aumento dos preços agrícolas in natura, destacando-se a forte alta das carnes e do feijão". Aliás, o próprio Banco Central reconhece esse fato no Relatório de Inflação divulgado em dezembro passado. A atual taxa inflacionária, portanto, não tem relação com uma explosão do consumo acima da capacidade da economia - o que justificaria o aumento da Selic. Para o Dieese, é preciso manter a economia crescendo a taxas altas nos próximos anos e buscar medidas inovadoras para segurar a inflação sem elevar os juros, evitando esses efeitos colaterais devastadores para os trabalhadores e para a população brasileira. O Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, ex-diretor do Banco Mundial, concorda com essa tese. Em entrevista que concedeu ao jornal O Globo desta quinta-feira em Davos, Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial, Stiglitz sentencia: "As pessoas têm de distinguir as fontes de inflação. Tem inflação importada, por exemplo, devido à alta dos preços de alimentos ou energia. Isso tem de ser levado em consideração, mas não se pode lidar com isso simplesmente através da elevação dos juros. O pobre vai sofrer com aumento dos preços (dos alimentos). Fazê-lo perder o emprego (como conseqüência da alta de juros) não vai resolver o problema". Veja aqui a entrevista de Stiglitz ao Globo: Não se pode resolver a inflação só com juros Pelo contrário, conclui Carlos Cordeiro. "O aumento dos juros só beneficiará os bancos e os rentistas, agravando a concentração da riqueza no país e empobrecendo a população brasileira". Fonte: Contraf-CUT



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