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5 de Dezembro de 2019 às 09:46

Mais ataque: Governo quer acabar com cota para trabalhador com deficiência

O governo Bolsonaro desfere mais um ataque contra os trabalhadores em benefícios aos empresários. Desta vez, são as pessoas com deficiência (PCDs) quem sofrem as consequências da eleição de um governo sem o menor compromisso com a classe trabalhadora.

O Projeto de Lei (PL) 6.159/2019 do governo praticamente acaba com a política de cotas para PCDs ou reabilitadas ao permitir que as empresas substituam a contratação pelo pagamento de um valor correspondente a dois salários mínimos mensais. Os recursos serão destinados a uma conta da União, que abastecerá o “programa de reabilitação física e profissional”.

Segundo informou agentes do governo o Ministério da Economia alega que não existem PCDs suficiente para serem contratados.

Para o movimento sindical a Caixa (Econômica Federal), por exemplo, não cumpre a cota. Por isso, foi condenada recentemente a contratar PCDs que haviam passado no concurso e não tinham sido convocadas para trabalhar. Existe demanda por vagas para PCDs sim, mas as empresas se recusam a cumprir a lei. Agora, o governo está legalizando a exclusão.

Dados da Unesco apontam que existem 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil, o que representa quase 24% da população brasileira.

Desconfiguração da política

Em entrevista concedida à Folha de São Paulo, a vice-presidenta Associação Nacional dos Membros do Ministério Público de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Idosos da (Ampid), a subprocuradora-geral do trabalho Maria Aparecida Gurgel, disse que o projeto do governo “desconfigura toda a ação afirmativa que é a reserva de cargos para pessoas com deficiência”.

O projeto não altera as porcentagens de PCDs a serem contratadas pelas empresas, que varia de acordo com o número total de funcionários, mas além da compensação pelo não cumprimento da cota, a contratação de pessoas com deficiência considerada grave poderá ser contada em dobro. Outro benefício para o empresariado é a possibilidade de “empréstimo” da cota de outras empresas.

Em abril, o governo já havia desferido um ataque às PCDs ao extinguir o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade), que acompanha e avaliava o desenvolvimento da política nacional para inclusão de PCDs e das demais políticas de educação, saúde, trabalho, assistência social, transporte, entre outras, voltadas a esse grupo social.

Críticas ao projeto

Em “Manifestação sobre o Projeto de Lei 6159/2019”, o Ministério Público do Trabalho (MPT) afirma que as alterações propostas pelo PL “afrontam as obrigações assumidas pelo Brasil ao ratificar a Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, são inconstitucionais porque desrespeitam os princípios dessa mesma Convenção, que tem status de norma constitucional e ainda atentam contra a proteção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, cuja garantia cabe ao Estado, enquanto promotor de políticas públicas de trabalho e emprego”.

 

Fonte: Contraf



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