Decreto sobre posse de arma é um grande equívoco
Com apenas 11 dias de governo Jair Bolsonaro anunciou recentemente em uma rede social que pretende, por decreto, flexibilizar os requisitos para a posse de armas no Brasil, endurecidos desde 2003 pelo Estatuto do Desarmamento.
“Seria inacessível que alguém te mate/se cada bala custasse o que custa um iate”. A frase não é de nenhum especialista em segurança pública. Trata-se de um verso da canção La Bala, composta pelo grupo porto-riquenho Calle 13, para denunciar a banalização da violência promovida em todo o mundo pela indústria armamentista, porém o novo governo brasileiro não pensa igual.
Toda violência incitada no período eleitoral, abriu margem para armar a população. Pesquisa feita com base em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) mostra que 169 milhões de brasileiros serão afetados com novo decreto que flexibiliza a posse de armas.
A idéia é que moradores de cidades com taxas de homicídios superiores a 10 para cada 100 mil habitantes possam adquirir uma arma. Ao todo, 3.179 dos 5.570 municípios estão acima da linha de corte. Tenso.
Moradores de áreas rurais e também servidores públicos que exerçam funções com poder de polícia e proprietários de estabelecimentos comerciais também podem passar a ter o direito. O texto ainda destaca que os interessados poderão ter até duas armas em casa.
Atualmente, o Brasil lidera a lista de mortes anuais por armas de fogo, segundo levantamento da revista cientifica JAMA. Os dados mais recentes, referentes ao ano de 2016, apontam 43.200 mortes, 94% foram homicídios. Dessas, só quatro foram de forma não intencional, com disparos acidentais ou erros de funcionamento. Outros 2% foram suicídios.